Estudante português suspeito de ordenar massacres em escolas do Brasil detido no Porto
Um estudante português, de 17 anos, foi detido pela Unidade de Contraterrorismo da PJ por suspeitas de ter ordenado vários massacres em escolas no Brasil. Está indiciado por homicídio qualificado, ofensas à integridade física qualificada e discriminação, incitamento ao ódio e à violência e ainda pornografia de menores.
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De acordo com informações recolhidas pelo JN, o jovem, que vive com os pais, foi surpreendido no Grande Porto, após uma investigação "iniciada muito recentemente", "com caráter de urgência", pela Polícia Judiciária, que contou com a colaboração da Polícia Federal do Brasil. Durante esta quinta-feira, foram efetuadas buscas domiciliárias, tendo a PJ apreendido um "vasto acervo probatório, designadamente material informático e digital".
O objetivo da investigação era "conhecer e identificar a atividade perpetrada online pelo jovem" que, segundo a PJ, "promovia o nazismo, incitando a comportamentos extremistas". O estudante é, aliás, suspeito de ter criado e liderado uma comunidade, que geria na plataforma Discord, onde se instigava à prática de massacres em escolas naquele país, tal como noticiou a CNN Portugal.
"O detido criou e gere um grupo na plataforma Discord, já devidamente identificada, onde se agruparam diferentes pessoas apologistas dos mesmos ideais e que pretendiam cometer atos semelhantes aos idealizados e propagados por aquele, como sejam: automutilação grave de jovens, mutilação e morte de animais, difusão de propaganda extremista nazi, instigação e prática da “missão” de cometer massacres em escolas (filmados e transmitidos através do telemóvel) e, ainda, partilha e venda de pornografia infantil por parte deste suspeito", informou esta quinta-feira a PJ, em comunicado.
Num desses casos, em que o português estará envolvido como autor moral dos crimes, um rapaz de 15 anos invadiu uma escola em Sapopemba, São Paulo, e assassinou à queima-roupa uma rapariga, de 17, em outubro do ano passado. O ataque deixou ainda outros três menores feridos.
"No grupo, através da plataforma Discord, o autor material do crime partilhou inclusive imagens da arma e da balaclava (gorro) que iria utilizar, bem como da escola onde o crime iria ocorrer. Trata-se de um tipo de criminalidade que a lei define como criminalidade violenta e criminalidade especialmente violenta, sendo considerados crimes de prevenção e investigação prioritária nos termos da Lei 51/2023 de 28 de agosto", continuou a PJ.
"Através de um ideário particularmente violento e extremista, o jovem detido prestava conselhos quanto ao modus operandi e indumentária a envergar pelos demais intervenientes aquando da preparação e prática dos crimes", precisou ainda aquele órgão de polícia criminal.
O português estará ainda envolvido em outras tentativas de ataques em outros estados do país, que, além de estudantes, visariam também professores, mas que acabaram travados pelas autoridades brasileiras.
Segundo a PJ, a investigação continuará, tendo como uma das principais linhas de investigação identificar, "em termos internacionais, outros agentes dos crimes em que possam estar envolvidos nesta rede e neste tipo de condutas".
O detido vai esta sexta-feira ser apresentado à autoridade judiciária para aplicação das medidas de coação.