Ex-autarca de Espinho só assume oferta de jantar por empresário. “Não quis armar barraca no restaurante”
O ex-presidente da Câmara de Espinho Miguel Reis, arguido no processo Vórtex, negou esta quinta-feira, no tribunal local, ter recebido cinco mil euros e mobílias novas do empresário e arguido Francisco Pessegueiro. A única oferta que assumiu ter recebido foi um jantar de aniversário da mulher, em maio de 2022.
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"Não quis armar barraca no restaurante", afirmou Miguel Reis no Tribunal de Espinho, justificando a aceitação do pagamento do jantar. "Por causa disso, tive uma discussão com a minha mulher, que se mostrou desagradada. Abandonámos o restaurante, quando só tínhamos comido meia salada de búzios, dois pregos e dois finos. Nem bolo nem champanhe", lamentou o ex-autarca do PS, acusado de quatro crimes de corrupção passiva, um deles agravado, e cinco de prevaricação.
Instado a explicar-se, o arguido contou que tinha combinado ao almoço com alguém do restaurante "Cabana" um jantar para quatro comensais - ele, a mulher e os dois filhos - numa mesa com vista para o mar. "Porque ela faz anos", explicou.
Segundo Miguel Reis, "alguém do restaurante deve ter contado ao Pessegueiro" e, qual não foi o seu espanto quando, "ao telefone", o empresário lhe diz que o jantar era por sua conta. "Foi aí que percebi que ele sabia do jantar". Recusou, mas ele insistiu. "Só não armei barraca porque estava muita gente ali", disse, acabando por aquiescer, emprestando à sua atitude "simples gentileza".
O ex-presidente repetiu-se, pesaroso: "A minha mulher ficou irritadíssima" e decidiu terminar por ali a celebração. Reis disse que, mais tarde, encontrou Pessegueiro e ter-lhe-á dito: "Nunca mais faça isso".
Mobília em excesso
Questionado sobre uma mala com cinco mil euros que lhe terá sido entregue por Francisco Pessegueiro, e que corresponderia a "taxas de urgência", referentes a projetos que o empresário teria em curso na edilidade, Miguel Reis afirmou que tal pasta conteria apenas papelada do processo "32 Nascente" e de um Lar.
Negação perentória mereceu também a acusação de que teria aceitado mobiliário novo, também oferecido ppor Pessegueiro. "Se há coisa que tenho em excesso, é mobília. Tenho é necessidade de vender", assegurou, repudiando a acusação.
Pinto Moreira (PSP), antecessor de Miguel Reis na presidência da Câmara de Espinho, é outro dos arguidos do processo.