Ex-bancário que desviou 600 mil euros condenado a cinco anos de prisão com pena suspensa
Um ex-bancário de 32 anos foi condenado esta quarta-feira de manhã, no Porto, a cinco anos de prisão, com pena suspensa. O arguido apropriou-se de mais de 600 mil euros de contas bancárias de clientes para fazer apostas online.
Corpo do artigo
O coletivo de juízes do Tribunal de São João Novo teve em conta a confissão integral do arguido e o facto de este já ter pago ou ter garantido o pagamento de grande parte da indemnização. "Era injusto" uma pena efetiva, considerou o tribunal.
O arguido já pagou 59 mil euros e providenciou para que entregassem ao banco os 211 mil euros que estavam retidos pela empresa de apostas. Porém, ainda terá de pagar 351 mil euros para repor a verba retirada aos clientes, entretanto já devolvida pelo banco.
Durante os cinco anos da suspensão da pena, o arguido terá de se sujeitar a um "regime de prova apertado", que passa por acompanhamento terapêutico de problemas de adição de jogo, e ainda ao pagamento de 104 mil euros durante esse período. O valor corresponde a 50 mil euros das mais valias da venda da casa do arguido, que este já se tinha comprometido a entregar de imediato, e ainda a uma prestação mensal de 900 euros.
O juiz realçou que no momento em que foi confrontado com os factos, o arguido se despediu, assinou uma livrança em branco e uma confissão de dívida, fazendo com que houvesse quantia para restituir a essas pessoas. Além disso, em tribunal efetuou uma confissão que permitiu chegar com facilidade ao apuramento dos factos.
O Tribunal está "seguro que vai cumprir tudo e que isto vai passar como um caso isolado na sua vida", caso contrário, terá de cumprir cinco anos de prisão.
Desviou mais de 600 mil euros
Em apenas seis meses, entre 2016 e 2017, o antigo bancário da agência do Banco Popular, na rua de Sá da Bandeira, no Porto, terá desviado mais de 600 mil euros de clientes. Escolheu contas de seis clientes com valores elevados e sem homebanking. Pediu as senhas de acesso e passou a controlar as contas, usando-as para carregar contas de apostas online.
O arguido contou que o objetivo inicial era conseguir repor o dinheiro do tio que tinha perdido, cerca de 200 mil euros. "Perdi a cabeça e comecei a ir ao dinheiro de outras pessoas. Achei que apostando ia recuperar o dinheiro", explicou perante o juiz. Acabaria apanhado em janeiro de 2017 após a realização de uma auditoria.
Foi condenado por 12 crimes de acesso ilegítimo, quatro crimes de falsidade informática e seis crimes de burla informática, cinco dos quais de valor consideravelmente elevado.
"É um desespero. Quanto mais rápido conseguir-me livrar disto, melhor", afirmou, admitindo que o seu problema aditivo de jogo está "resolvido" e que está a ser acompanhado por uma psicóloga.