Altos quadros do Grupo Jerónimo Martins terão favorecido quatro empresas que lhes pagavam luvas para obter contratos milionários de fornecimento.
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Quatro gestores de compras do Pingo Doce, entretanto suspensos pelo Grupo Jerónimo Martins (JMR), foram acusados pelo Ministério Público (MP) de Loures de crimes de corrupção no setor privado, branqueamento de capitais. Os gestores de topo terão recebido luvas milionárias de empresas fornecedoras dos supermercados para lhes dar preferência nos contratos com o Pingo Doce. O MP, que entre os antigos gestores, familiares destes e fornecedores, acusou 11 pessoas e quatro empresas, reclama um total de 1,5 milhões de euros da alegada vantagem criminosa. O caso nasceu de uma queixa do JMR.
De acordo com a acusação, deduzida este mês pela procuradora Maria Francisca Fé, o esquema perdurou entre 2012 e 2018, ano em que o Grupo Jerónimo Martins começou a desconfiar dos seus funcionários. O primeiro foi Artur B. de 48 anos, residente em Alcochete. Desde 2010, o gestor era responsável por encontrar no mercado nacional e internacional, junto de diversos fornecedores, "as melhores soluções de preço e qualidade para a aquisição de peixe selvagem que abastecia a cadeia de supermercados". O homem, casado com outra funcionária do Grupo Jerónimo Martins, é acusado de ter exigido dinheiro a três responsáveis de empresas fornecedoras de peixe do Pingo Doce para que preferisse as firmas "que aqueles representavam em detrimento de outras para fornecerem produtos ao grupo". Segundo o MP, o esquema causava prejuízo a Jerónimo Martins, mas também para a "livre concorrência no mercado".