Um capitão da GNR, em gozo de licença sem vencimento, foi detido nesta terça-feira pela Polícia Judiciária (PJ). É suspeito de integrar uma rede que importava grandes quantidades de cocaína escondidas entre as peles de animais importadas da América Latina.
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O oficial da Guarda passou a noite num quartel da própria GNR, no Porto, e deverá ser levado a tribunal durante esta quarta-feira, apurou o JN.
Na operação realizada pela PJ foi apreendida tonelada e meia de cocaína, em três contentores que entraram em Portugal pelo porto de Leixões e que tinham como destino uma empresa de Fafe, controlada pelo oficial da GNR e um comparsa, também detido.
É a própria PJ que esclarece que a "operação foi desencadeada pela Diretoria do Norte, no âmbito de uma investigação iniciada em julho, contando com a estreita colaboração das agências americanas DEA (Drug Enforcement Administration) e CBP (Customs and Border Protection) e da Autoridade Tributária e Aduaneira (ATA)".
"Na origem da investigação está a atividade de uma determinada empresa, que procedeu à importação de três contentores de peles provenientes da América Latina", lê-se num comunicado.
Foto: Cocaína no meio das peles
As diligências feitas no último mês levaram os inspetores a suspeitar que três contentores que estavam no porto de Leixões "poderiam estar a ser utilizados para transportar substâncias ilícitas" e, com a colaboração da ATA, foi feita uma fiscalização, que detetou "uma quantidade muito elevada de embalagens de cocaína entre as peles dos animais".
Mas a droga não foi apreendida de imediato. A PJ optou por manter "uma monitorização constante daqueles contentores" e, na terça-feira, acompanhar "a sua retirada da zona portuária e o transporte para um armazém na zona de Fafe, onde viriam a ser detidos os dois suspeitos, assim que iniciaram o processo de descarga e armazenamento da mercadoria".
O capitão da GNR, assim como o comparsa, de 42 e 34 anos, "estão associados à empresa que importou a mercadoria, também ela suspeita de envolvimento no projeto criminoso".
No âmbito desta operação, a PJ fez ainda várias apreensões, nomeadamente de automóveis ligeiros, motociclos e armas de fogo.
Contactada esta quarta-feira pelo JN, fonte oficial da GNR confirma apenas a detenção de "um militar em situação de licença ilimitada", escusando-se a fazer qualquer comentário sobre o assunto, por o caso estar entregue à Polícia Judiciária.