O ex-motorista de José Sócrates, João Perna, que estava em prisão preventiva desde novembro, fica a partir desta terça-feira em prisão domiciliária, após decisão do Tribunal Central de Instrução Criminal. O advogado do ex-motorista de José Sócrates explicou que o tribunal aceitou que o perigo de fuga "diminuiu consideravelmente, assim como o perigo de perturbação da prova".
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João Perna, preso faz na quarta-feira um mês, está desde a tarde desta terça-feira em prisão domiciliária, depois de decisão nesse sentido do Tribunal Central de Instrução Criminal.
Poucas horas depois, o advogado de João Perna, Ricardo Candeias, disse aos jornalistas que tal decisão se deveu a o tribunal ter sido convencido de que diminuiu o perigo de fuga e de perturbação da prova e que se tratou de "uma grande vitória para a defesa".
Questionado sobre se para a alteração da medida de coação teria havido uma "colaboração" de João Perna para com o tribunal o advogado disse que essa era uma questão "um pouco mistificada".
"Porque na verdade João Perna numa fase inicial prestou declarações num determinado sentido e o que se fez agora, além de esclarecimentos complementares, foi introduzir uma série de factos relevantíssimos, na nossa opinião, que levaram o tribunal a ficar convencido que não se justificava a prisão preventiva", disse (referindo-se ao interrogatório complementar ocorrido na passada quinta-feira).
Também questionado pelos jornalistas Ricardo Candeias escudou-se no segredo de justiça para não responder se João Perna saiu de Portugal para ir ter com José Sócrates a Paris, dizendo apenas que "no exercício das suas funções saiu várias vezes de Portugal", não sendo relevante saber para onde.
"Não compreendo tanta celeuma, porque na verdade não é isso que está a ser discutido no presente processo, são coisas muitíssimo mais relevantes, é um pormenor saber para onde foi, se saiu ou não de Portugal", acrescentou.
De resto, João Perna não tem nada a esconder, não está comprometido e está disponível para esclarecer as autoridades, disse também Ricardo Candeias, afirmando-se convencido de que o ex-motorista nem irá a julgamento. "Tenho a profunda convicção de que está na situação em que se encontra porque estamos a falar de arguidos que são as pessoas que sabem quem são", frisou.
Para já o ex-motorista está bem, a aguardar serenamente o desenrolar do processo sendo certo que "a história não acaba aqui", disse o advogado.
João Perna estava em prisão preventiva desde 24 de novembro, por indícios de fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e posse de arma proibida.
O ex-motorista de José Sócrates foi detido no âmbito da "Operação Marquês", que levou igualmente à prisão preventiva do ex-primeiro-ministro e do seu amigo de longa data e empresário Carlos Santos Silva, num processo que envolve suspeitas de corrupção, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais.