Suspeito de 64 anos mata sogra na Chã, em Alijó. Os vizinhos desconheciam-lhe desavenças com a idosa, vinte anos mais velha.
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Passaria pouco das 3 horas da madrugada de sexta-feira, quando um polícia reformado da esquadra de Vila Real terá matado a sogra a tiro de caçadeira, em casa, na Chã, concelho de Alijó. A seguir terá mostrado vontade de se suicidar, mas foi impedido pela esposa. Diz-se que sofria de depressão, mas os conterrâneos garantem que tinha um comportamento normal e ficaram em choque com o crime.
Mal foi dado o alerta, cerca das 4 horas, uma patrulha da GNR de Alijó foi à Chã e deteve o ex-polícia, António Carlos Cardoso, de 64 anos, que não ofereceu resistência. O caso passou para a alçada da Polícia Judiciária (PJ) de Vila Real, que, em comunicado, referiu que foi por "motivo fútil" que o homem terá disparado contra a sogra, Lurdes Cardoso, de 84 anos. O tiro atingiu-a na cabeça, o que lhe causou morte imediata.
Uma familiar da vítima, que não quis ser identificada, confessou estar "em choque" com o acontecimento, porque "não se contava com uma coisa destas". Precisou que "ele era bom homem". Contou ainda que "a dona da casa estaria a aguçar uma faca e ele veio com a caçadeira e deu-lhe um tiro". Depois, "tentou matar-se, mas a mulher tirou-lhe a arma, questionando o que é que ele estava a fazer", ao que lhe terá respondido: "Mata-me, que eu também matei a tua mãe". A familiar não percebe o que se terá passado porque ele "era muito amigo da família".
Porém, aos militares da GNR que o detiveram após o suposto crime terá confessado que tinha posto fim a "13 anos de martírio" e que "já não aguentava mais". A mulher dele referiu à PJ que "ele nunca gostou dela [da sogra]" e, por isso, a relação não seria boa.
Na aldeia da Chã, pelo menos ao JN, ninguém referiu ter conhecimento de desavenças entre António e Lurdes.
"Ele era uma joia de pessoa"
Próximo de um café da aldeia, um casal que conhece bem a vítima e o genro, garante que "não eram conhecidos problemas entre eles". "Ainda ontem [quinta-feira] conversei com ela. Falámos do calor que fazia e mais algumas coisas sem importância e pareceu estar tudo normal", adiantou ela, sem querer revelar o nome. "Ele vinha ao café e era uma joia de pessoa, muito educado, nunca se notou que fosse sequer conflituoso", acrescentou ele. "São horas do diabo", tornou ela.
O presidente da Junta de Freguesia de Vila Chã, António Fernandes, disse que também não tem conhecimento de que Lurdes e António se dessem mal. "Pelo contrário, ele é uma pessoa muito correta e educada", disse, ao JN. António integrou a esquadra de investigação criminal da PSP de Vila Real. Está reformado há quatro anos.