O Exército decidiu travar o racionamento de água no curso de comandos, segundo a Inspeção Técnica Extraordinária ao Curso de Comandos.
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Mas foi igualmente verificada a necessidade do curso se adaptar à nova doutrina de formação do Exército, definida em 2013. Na prática, o relatório constitui uma forte crítica à forma como tem sido realizada a formação de comandos e obriga a um maior controlo sobre o curso.
O resultado da investigação foi divulgado esta quinta-feira pelo Estado-Maior do Exército, na sequência da inspeção realizada após as mortes de Hugo Abreu e Dylan Silva.
O relatório obriga ainda a uma série de alterações nos cursos de comandos, que não deverão recomeçar até que as alterações estejam concluídas, aponta ainda o Estado-maior do Exército.
A inspeção extraordinária esteve a cargo da Inspeção Geral do Exército e foi determinada pelo chefe de Estado-Maior do Exército, general Rovisco Duarte, e teve por base a necessidade de verificar quais as condições em que decorreu o 127 curso de comandos, tendo em conta a morte dos dois instruendos. No mesmo âmbito esteve também a avaliação da forma como são feitos os testes das provas de seleção para o curso de comando.
De acordo com o comunicado do Estado-Maior, foi "identificada a necessidade de se proceder a uma análise mais aprofundada da conjugação do treino físico militar com as restantes atividades de formação com características físicas". O objetivo é "otimizar-se a relação carga física/período de recuperação, bem como relativamente à compensação alimentar adequada ao esforço físico, sendo desaconselhado o racionamento de água".
E embora sustente que "foi identificada a necessidade de se proceder à revisão dos procedimentos relativos às entrevistas clínicas, ajustamento da bateria de exames médicos e melhor partilha da informação clínica", isto em relação à seleção dos instruendos, considera também necessário "reforçar o controlo por parte do Comando do Pessoal com base nos relatórios finais de curso".
Quanto aos instrutores, foram igualmente encontradas falhas na sua formação em "matérias de saúde", apontando o reforço de competências na área para uma "melhor identificação dos sinais de alerta de sintomas de falência física e forma de mitigação da sua ocorrência".