As duas filhas de Mário Soares, o homem que, a 11 de janeiro de 2021, se desequilibrou e caiu das escadas da Igreja de Areias para a faixa de rodagem da EN 204 e morreu atropelado, exigem 100 mil euros à Câmara de Santo Tirso, à União de Freguesias de Areias, Sequeiró, Lama e Palmeira e à Estradas de Portugal (EP).
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Na ação intentada no Tribunal Administrativo e Fiscal (TAF) do Porto, a que o JN teve acesso, as filhas argumentam que as escadas “onde ocorreu o infortúnio” são compostas por três degraus altos, “sem corrimão nas laterais que permitam auxiliar a subida ou descida” e que não possuíam barreiras de segurança.
Além disso, acrescentam, “a distância entre o término das escadas e o término do passeio é de tal forma diminuto que, existindo uma queda”, tal como ocorreu no caso, “existe grande probabilidade dos peões serem colhidos”.
Na ação, as filhas recordam que os pedestres “estiveram durante largos anos entregues à sua sorte” e que, só após a morte de Mário, é que as rés decidiram colocar “grades e corrimões que impedem que qualquer queda resulte na projeção do corpo do peão para a via rodoviária ou que, havendo um despiste, seja o peão colhido”.
As filhas recordam que o sexagenário era “uma pessoa saudável e alegre” e que era reformado e casado - a esposa entretanto faleceu. “A partir do fatídico dia, mulher e filhas passaram a precisar de acompanhamento psicológico”, vivendo “atormentadas, com sentimento de revolta”, lê-se ainda.
Dos 100 mil euros reclamados pelas autoras, por danos não patrimoniais, 15 mil dizem respeito a cada uma das duas filhas. Os restantes 70 mil euros são justificados a “título de direito próprio e sofrimento da vítima antes de morrer”.
Contactado pelo JN, o advogado da família diz que “o que aconteceu naquele fatídico dia podia ter sido evitado com a existência de uma barreira de segurança que lá foi colocada poucos dias após a trágica ocorrência”. “De uma vez por todas, as entidades públicas têm de começar a responder pelas suas omissões ou faltas de ações”, afirmou Gil Balsemão.
Câmara, junta e EP não responderam às perguntas do nosso jornal.