Advogados convictos de que se os Dragões forem condenados o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos irá punir Portugal.
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Na eventualidade de o F. C. Porto ser condenado a pagar uma indemnização ao Benfica, na ação cível movida pelos encarnados no caso dos e-mails, será, no fim de tudo, o Estado português a arcar com todas as despesas. Esta garantia é dada pelos advogados dos Dragões que, nas alegações finais enviadas por escrito ao Juízo Central Cível do Porto, ameaçam ir até ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos para obter o reconhecimento do interesse público (e do interesse para o F. C. Porto) das comunicações reveladas por Francisco J. Marques no Porto Canal. O Benfica reclama 17,7 milhões de euros.
Os advogados Jorge Cernadas e Nuno Brandão argumentam que o fenómeno dos "leaks" (fugas de informação) tem vindo a trazer para a ribalta práticas pouco éticas ou mesmo ilegais e que os tribunais europeus têm apoiado as revelações, baseando-se na liberdade de expressão. Dão como exemplo um tribunal alemão de segunda instância que, recentemente, deu razão à revista "Der Spiegel" para continuar a divulgar os segredos do caso Football Leaks. Em causa estava uma ação movida pelos advogados de Cristiano Ronaldo visando travar notícias sobre evasão fiscal do craque português, com informações obtidas através de e-mails privados.
Os advogados dos portistas argumentam, ainda, que, no julgamento, o Benfica não conseguiu provar que a divulgação dos e-mails lhe causou prejuízos.
Os encarnados reclamam os custos que tiveram no reforço da segurança das comunicações eletrónicas, mas os advogados azuis e brancos contrapõem não ter sido o F. C. Porto a violar o sistema informático do Benfica. Cernadas e Brandão também explicam que, apesar da divulgação dos e-mails comprometedores, as ações da SAD benfiquista tiveram resultado positivo, tal como foram obtidas mais receitas com patrocínios e exploração do Estádio da Luz.
Investigação jornalística
Quanto aos eventuais danos de reputação e imagem do Benfica, o F. C. Porto alega que, a existirem, os mesmos não foram causados pela divulgação dos e-mails em si, mas sim pelo respetivo conteúdo, reputado como verdadeiro e autêntico, sendo da responsabilidade dos responsáveis encarnados.
Os advogados asseguram ainda que o Porto Canal fez uma investigação jornalística no caso, divulgando os indícios de práticas ilícitas ou eticamente censuráveis que consideram ter tido repercussões no futebol português. Garantem ainda que nenhum administrador da SAD teve conhecimento dos e-mails. E concluem que deve ser o Benfica condenado a pagar ao F. C. Porto.
A decisão do caso está para breve, a cargo do juiz Paulo Duarte Teixeira.
A TESE DOS ENCARNADOS
Proibição definitiva
O Benfica quer que o tribunal proíba definitivamente a divulgação de e-mails por parte do F. C. Porto. O pedido foi dirigido, por escrito, nas alegações finais, ao magistrado que está a julgar a ação cível.
Reputação
Os encarnados alegam que a divulgação dos e-mails foi um ato doloso de descredibilização, com repercussões sobre a reputação internacional, sem precedente em Portugal.
Estratégia de desgaste
O SLB acusa os portistas de ter montado "estratégia" de "desgaste" que lhe trouxe mais-valias, ao mesmo tempo que prejudicou o Benfica.