Responsáveis dos dragões terão pedido para alterar data das buscas de modo a não prejudicar jogo com o Liverpool em novembro de 2021. A revelação surge numa conversa entre o ex-ministro Matos Fernandes e o pai, ex-presidente da Assembleia Geral (AG) do F. C. Porto, captada nas escutas da Operação Influencer.
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A 22 de novembro de 2021, João Pedro Matos Fernandes, então ministro do Ambiente, ligou ao pai para comentar as buscas que tinham visado a SAD do F. C. Porto e a casa do seu presidente Pinto da Costa. Segundo a CNN, o ex-ministro do Ambiente perguntou a José Manuel Matos Fernandes, ex-presidente da A.G., se já tinha visto as notícias de que o clube estava a ser "investigado". O pai disse que sim e confidenciou ao filho que, num jogo do F. C. Porto com o Feirense, realizado a 20 de novembro, dois dias antes das buscas, já tinha comentado o assunto com Pinto da Costa e o administrador Adelino Caldeira.
"Eles já sabiam que eram hoje" (as buscas), revelou José Manuel Matos Fernandes, acrescentando:"eles até tinham pedido para que fosse hoje para não ser no dia do jogo e a polícia disse que então era na segunda ou na sexta". Em causa estava o jogo para a Liga dos Campeões com o Liverpool, em Inglaterra, que se viria a realizar dois dias depois das buscas, a 24 de novembro.
PSP esclarece que só prestou apoio e não planeou buscas
Em comunicado, a Direção Nacional da PSP esclarece que a PSP não o órgão de polícia criminal titular da investigação do processo Operação Fora de Jogo. "A intervenção da PSP foi requerida, única e exclusivamente, no sentido de prestar apoio na execução das buscas, não tendo tido qualquer intervenção no planeamento das mesmas, nem quanto à data escolhida para a sua realização", refere o documento enviado esta manhã de segunda-feira às redações.
O JN questionou a Procuradoria Geral da República que revelou ter sido instaurado um inquérito para investigar a alegada fuga de informação. "A investigação no referido inquérito está a cargo da AT, Direção de Finanças de Braga, tendo as diligências de busca contado com a colaboração da PSP para aqueles atos em concreto. O agendamento das diligências foi feito exclusivamente com base nos interesses da investigação. A alegada fuga de informação sobre a data da realização das diligências é objeto de investigação no próprio inquérito onde foi determinada a realização das buscas", adiantou a PGR.
Refira-se que a eventual combinação entre autoridades e a SAD do F. C. Porto surgiu numa das inúmeras escutas telefónicas da Operação Influencer, captadas ao longo de quatro anos. As buscas, a cargo da PSP e da Autoridade Tributária, realizaram-se no âmbito da Operação Fora de Jogo, uma investigação a vários clubes que incidiu sobre fraudes fiscais, comissões de transferências de jogadores e venda de direitos televisivos.