Falha de luz em cadeia de alta segurança obriga a encarcerar 500 reclusos às escuras
A cadeia de alta segurança do Linhó, em Cascais, esteve hora e meia sem luz. Devido à falta de eletricidade, cerca de 500 reclusos foram, na sexta-feira, encarcerados nas celas às escuras. Situação que, para o Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP), colocou os guardas em perigo. No dia seguinte, sábado, um recluso, que beneficiava do regime aberto por estar na fase final de uma pena de dez anos, não regressou à prisão e continua a monte.
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A Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) confirma que, entre as 18.30 e as 20 horas, a cadeia "foi afetada por uma falha de energia, que afetou toda a zona em que se insere". A mesma fonte diz que, "a partir do gerador, as luzes de presença nas alas prisionais" foram rapidamente repostas.
Porém, o dirigente sindical Frederico Morais assegura que foi às escuras que cerca de 30 guardas fizeram regressar 500 presos, que permaneciam nos corredores da cadeia, às celas. "O gerador não arrancou. Tentou-se várias vezes, mas não arrancou", assegura. O dirigente sindical refere, aliás, que, fechadas as portas, os guardas foram, com o auxílio de lanternas, confirmar, cela a cela, que os reclusos estavam a ocupar os espaços que lhes estão atribuídos.
"Foi posta em causa a segurança. O comissário nunca deveria ter fechado os reclusos com as luzes apagadas e devia ter pedido para acionar o Grupo de Intervenção e Segurança Prisional. Alguns guardas chegaram a pedir socorro pelo rádio", refere.
Frederico Morais acrescenta que os guardas prisionais foram atingidos com caixotes do lixo e peças de fruta arremessadas pelos presos.
"Desmente-se, taxativamente, que se tivesse registado qualquer tipo de distúrbios. A única ocorrência registada reporta ao arremesso, por parte de alguns reclusos, de cascas de fruta para o pátio", responde a DGRSP. Fonte oficial assegura ainda que ninguém ficou ferido.
Foi pastorear cabras e não regressou
No dia seguinte e na mesma cadeia, um recluso fugiu. Segundo a DGRSP, o preso encontrava-se "em regime aberto, a trabalhar no pastoreio de cabras e, como tal, com vigilância descontinuada, ausentou-se ilegitimamente dos terrenos do estabelecimento prisional".
Neste momento, o recluso continua a monte e a ser procurado por "diversos órgãos de polícia criminal". O fugitivo tem 26 anos e está em fase final de cumprimento de uma pena de dez anos, por crimes de furto e roubo.
"Como decorre do legalmente previsto, foi aberto processo de averiguações interno para apurar as circunstancias desta ocorrência", realça a DGRSP.