Lancha Bojador custou 8.5 milhões de euros e encalhou quatro meses após viagem inaugural. Comandante e patrão de quarto à ponte da embarcação alvo de processos disciplinares
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O arranjo dos danos da Lancha de Patrulhamento Costeiro (LPC) da GNR que encalhou junto à praia de Carcavelos, em Cascais, custou mais de 215 mil euros. O anúncio foi feita pela própria Guarda, que concluiu que o acidente, ocorrido quatro meses após a Bojador ter tido a sua viagem inaugural, deveu-se a falha humana. O comandante da embarcação, cuja aquisição significou um investimento de 8.5 milhões de euros, e o patrão de quarto à ponte irão ser alvo de um processo disciplinar.
Segundo a GNR, o inquérito instaurado após o acidente concluiu que estes dois militares foram, "direta ou indiretamente, responsáveis pela não adoção dos necessários procedimentos de segurança, face à visibilidade e condições meteorológicas que se verificavam naquela data à saída da barra do Porto de Lisboa".
Militares com processos
A LPC BOJADOR foi adquirida no âmbito do Fundo para a Segurança Interna, para reforçar o papel da GNR de guarda costeira. A embarcação, com 35 metros de comprimento, seria usada, sobretudo, em ações de patrulhamento e interceção em toda a costa e mar nacional.
Contudo, quatro meses após um investimento de 8,5 milhões de euros, ao início da tarde de 1 de setembro, a Bojador encalhou na praia de Carcavelos. Imediatamente, a GNR anunciou a abertura de um inquérito para apurar as causas e responsabilidades do acidente.
Inquérito que foi agora concluído com a certeza que de tudo aconteceu devido a falha humana. "O processo de inquérito realizado permitiu a realização de diversas diligências, tendo sido recolhidos e analisados todos os depoimentos, documentação e imagens consideradas necessárias para o esclarecimento dos factos em investigação. Uma vez finalizado, concluiu-se que o incidente ocorreu devido a falha humana, pelo que foi revogada a medida provisória de suspensão da execução de funções de navegação aplicada ao comandante e à guarnição de serviço no momento do incidente e convertido o referido processo em dois processos disciplinares, visando os dois militares que se considerou serem, direta ou indiretamente, responsáveis pela não adoção dos necessários procedimentos de segurança, face à visibilidade e condições meteorológicas que se verificavam naquela data à saída da barra do Porto de Lisboa", avança a GNR.
O JN sabe que os dois militares alvo de processos disciplinares são o comandante e o patrão de quarto à ponte, que estava responsável pela vigilância.
Reboque e estaleiro custam mais de 70 mil euros
A Guarda revela, ainda, que a "necessidade de reparar as hélices de bombordo e estibordo, a substituição da hélice central e a reparação de pequenos danos no casco e de estabilizadores" custou 145.681 euros. A este montante somam-se os "serviços associados como de reboques e utilização do estaleiro", que elevaram o prejuízo até aos 215.320 euros.