Um senegalês, de 51 anos, foi condenado, no final da semana passada, a dois anos de prisão por auxílio à imigração ilegal, pelo Tribunal de Lisboa. Youssoupha Diallo, também sentenciado à expulsão de território nacional, envolveu-se com uma rede que falsificou vistos e contratos desportivos de dez jovens com o clube alemão de futebol FC Nuremberga, para que estes pudessem entrar na União Europeia.
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O esquema começou a ser montado em 2022. Nessa altura, Youssoupha Diallo, então um agente imobiliário do Senegal que passava por dificuldades económicas, recebeu uma proposta de um conterrâneo, que a investigação não conseguiu identificar. Teria de acompanhar dez jovens senegaleses, com idades a rondar os 20 anos, numa viagem entre Dakar e a Europa. Se necessário, também teria de assumir o papel de agente desportivo dos rapazes.
A contrapartida de Youssoupha Diallo era a obtenção de um visto para permanecer na Europa. Com vontade de emigrar, para escapar à pobreza do Senegal, Youssoupha Diallo aceitou a proposta, mesmo tendo de vender um terreno, por oito mil euros, para comprar os bilhetes de avião que o levaria a ele e aos dez jovens até Paris, com escala em Lisboa.
No dia 5 de agosto do ano passado, o senegalês que tinha feito a proposta a Youssoupha Diallo deslocou-se ao aeroporto de Dakar para lhe entregar a este e aos dez jovens os passaportes, os vistos e os contratos desportivos com o FC Nuremberga. Estes contratos constituíam uma razão válida para os jovens permanecerem na Europa, mas eram falsos, tal como os vistos.
Contacto em Sines
Apesar de ter conhecimento da falsificação, o senegalês embarcou com destino a Lisboa e até conseguiu passar pelo controlo alfandegário do Aeroporto Humberto Delgado. Menos sorte tiveram os jovens que fizeram a mesma viagem. Estes foram retidos pelos inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), que se aperceberam de que os respetivos vistos eram contrafeitos.
As diligências seguintes permitiram descobrir que Youssoupha Diallo abandonara o aeroporto. Segundo o acórdão, o senegalês tentou depois comprar um bilhete na estação rodoviária do Parque das Nações, mas não conseguiu (o acórdão não explica porquê), e dirigiu-se para a estação de Sete Rios, ainda em Lisboa, para apanhar um autocarro e seguir até à casa de um outro senegalês que reside em Sines (e foi testemunha no julgamento). Porém, não chegou a iniciar viagem, porque foi ali detido pelo SEF.
Teme pela vida se voltar
No Tribunal de Lisboa, Youssoupha Diallo confessou que nenhum dos dez jovens que viajaram consigo tinha contrato com o clube de futebol alemão e que os documentos tinham sido falsificados para poderem entrar na Europa. Alegou ainda que o objetivo dele e dos rapazes era morar e trabalhar num país europeu e que, por isso, aceitou fazer-se passar por agente desportivo.
Por fim, garantiu temer pela sua vida se tivesse de voltar ao Senegal. Um receio que não impediu os juízes de o condenar não só a dois anos de prisão como à expulsão de Portugal. Ficará ainda impedido de aqui regressar nos quatro anos seguintes ao cumprimento da pena.