Um falso inspetor da Polícia Judiciária (PJ) é suspeito de burlar, pelo menos, cinco mulheres que conheceu em sites de encontros amorosos e redes sociais. Só num dos casos, o burlão arrecadou 15 mil euros. O homem foi surpreendido pela GNR, na semana passada, ainda com um colete, um coldre e um par de algemas no carro.
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A investigação suspeita que o homem, de 47 anos, desempregado e residente em Felgueiras, fazia da burla modo de vida e, com o intuito de obter o máximo de dinheiro possível, selecionava os alvos em sites de encontros amorosos e redes sociais como o Tinder, o Facebook e o Instagram. Procurava sempre mulheres, entre os 40 e os 50 anos, solteiras e que aparentassem ter algum poder financeiro.
Identificadas as vítimas, o burlão iniciava uma interação virtual que, rapidamente, permitia ganhar a confiança das vítimas e, em seguida, marcar encontros pessoais. Nesses momentos, apresentava-se como inspetor da PJ e, recorrendo ao seu bom aspeto e conversa fácil, seduzia as mulheres.
A relação evoluía depressa para um caso amoroso e era nessa fase que o golpe era aplicado. Numa das situações, o burlão convenceu a namorada que iria realizar uma missão no estrangeiro e que, para se preparar, teria de treinar num “centro operacional” da Judiciária. Necessitava, acrescentou, de comprar fardas para o treino, mas não dispunha, naquele momento, de dinheiro suficiente. A vítima deu-lhe logo a quantia pedida.
Na maioria dos casos, a história era outra. O burlão convencia as mulheres que, com recurso às técnicas apreendidas na PJ, tinha tido acesso às suas fotografias e vídeos íntimos e ameaçava divulgá-los entre familiares e amigos. Só não o faria, dizia, se lhe fosse paga uma quantia considerável e as namoradas cediam. Uma delas ficou sem mais de 15 mil euros.
Vítimas com amigo comum descobrem burla
O burlão só foi desmascarado por acaso. Duas das vítimas, ambas a residir na região do Vale do Sousa, mas que não se conheciam, tinham um amigo comum, a quem contaram a história. E foi este que, estranhando a coincidência nos dois relatos, juntou as mulheres que, depois de falarem, perceberam que o burlão era o mesmo.
Denunciado o crime à GNR, o Núcleo de Investigação e Apoio a Vítimas Específicas de Penafiel identificou, no último meio ano, mais três vítimas que, tal como as primeiras duas, viviam em Felgueiras, Paços de Ferreira e Penafiel. Descobriu ainda que, embora se apresentasse como inspetor da PJ, o burlão era um desempregado, que vivia com o pai e tinha nas burlas a única fonte de rendimento. Cumpria ainda uma pena suspensa por violência doméstica.
Alvo de buscas na semana passada, o burlão guardava na bagageira do carro um coldre, um colete, um cinturão e um par de algemas semelhantes às utilizadas pelas forças de segurança. Tinha também uma arma que, embora de aspeto real, era de airsoft e foi constituído arguido por violência doméstica.