A falta de máscaras originou 22 contraordenações e a Polícia Marítima acabou com 23 eventos não autorizados, cujas multas podem chegar aos 1000 euros.
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Desde que as regras de acesso às praias impostas pela pandemia entraram em vigor, a 18 de maio, a Polícia Marítima já emitiu 71 contraordenações a banhistas e empresas com atividades nas praias do litoral. A falta de máscaras e a realização de eventos não autorizados foram as situações que originaram mais contraordenações: 22 pessoas foram multadas em 50 euros por não usar máscara no acesso e saída do areal e 23 eventos foram terminados e os promotores alvos de contraordenação, de valor mais elevado, a partir dos mil euros.
De acordo com a Autoridade Marítima Nacional (AMN), as contraordenações tiveram maior expressão nas zonas Centro e Sul do país, entre Lisboa e Algarve. Do bolo das 71 contraordenações, houve a registar duas por desrespeito das regras de distanciamento físico no areal, três metros entre grupos e 1,5 entre banhistas, nove a estabelecimentos por incumprimento das regras e dez para transportes de passageiros fluviais e marítimos ou atividade marítimo-turística com excesso de lotação. Também houve dois casos de multas por consumo de bebidas alcoólicas, outras duas por incumprimento do dever geral de recolhimento e uma por violação do confinamento obrigatório.
A Polícia Marítima tem autuado banhistas, mas grande parte do trabalho dos agentes passa pela sensibilização para as boas práticas, sem necessidade de multar. Até ao fim deste mês de julho, a Polícia Marítima registou 21 724 ações de sensibilização diretamente a banhistas. Nestes casos, os agentes alertaram para o cumprimento das regras em vigor e os banhistas acataram as indicações de imediato.
João Carreira, presidente da Federação Portuguesa de Concessionários de Praia, considera que os empresários têm cumprido as regras, como a lotação nas esplanadas ou a higienização dos espaços. "Somos os primeiros interessados na saúde pública nas praias para termos clientes". Há pequenos maus exemplos que se vêm verificado ao longo destes meses, como festas sem distanciamento físico do Norte ao Sul do país, mas, para João Carreira, todos "têm cumprido as regras, veraneantes inclusive".
Nadadores com horas extra
O país tem, pela primeira vez, nadadores-salvadores em número suficiente para todas as praias, muito graças à medida do Instituto de Socorro a Náufragos de prolongar a validade dos títulos que iam caducar este ano. Mas a indisponibilidade é um problema que leva a que ainda se sinta a sua falta. Para colmatar esta lacuna, os que estão disponíveis acabam por fazer horas extraordinárias, única forma de assegurar em pleno a assistência a banhistas que se verifica hoje.
"Muitos nadadores-salvadores fazem 60 ou 70 horas semanais", afirma Alexandre Tadeia, da Federação Portuguesa de Nadadores-Salvadores (Fepons). A causa da indisponibilidade é desconhecida e pode ter várias razões. "Muitos são jovens estudantes que querem aproveitar as férias". "Também os que trabalham as 60 horas não se veem motivados para regressar no ano seguinte", prossegue Alexandre Tadeia, que considera que o Governo deve aprovar o pacote de incentivos à profissão para aliciar os profissionais.
Em dois meses, houve 29 mortes nas praias, a maioria em rios
Desde que a época balnear arrancou, a 15 de maio, 29 pessoas morreram nas praias. Destas, apenas nove faleceram em praias marítimas, das quais duas foram vítimas de afogamento, de acordo com a Autoridade Marítima Nacional. As outras sete sucumbiram a doenças súbitas no areal. De acordo com o Observatório do Afogamento da Federação Portuguesa de Nadadores-Salvadores, 20 pessoas morreram em praias fluviais nos últimos dois meses, a última foi um homem de 37 anos, de Fafe, que se afogou na semana passada, na Barragem de Queimadela. Nas praias do litoral, de acordo com a AMN, houve sete mortes por doença súbita em praias não vigiadas. Uma das mortes por afogamento aconteceu em Mafra, a 3 de junho, antes da existência de nadadores-salvadores, quando um homem se afogou a tentar salvar as filhas. Neste domingo, morreu um homem de 59 anos na praia da Vieira, em Vieira de Leiria.
Regras nas praias
Valor das multas
Os banhistas que não usem máscara nos acessos às praias, nos restaurantes, balneários e paredões podem ser multados em 50 a 100 euros. Para os concessionários, as multas serão entre 500 e mil euros se falharem na higienização ou não afixarem as normas em local visível.
Toalhas: 1,5 metros
No areal, a distância entre toalhas mantém-se tal como no ano passado nos 1,5 metros. Os grupos devem estar a três metros e é proibida a prática desportiva com duas ou mais pessoas, quando a praia está lotada.
Estacionamento
Quem estacionar indevidamente o carro ou autocaravana terá que pagar uma multa de acordo com o Código da Estrada, mas a dobrar. É interdita a pernoita de autocaravanas em parques de estacionamento.
Químicos proibidos
É proibido o uso de hipoclorito de sódio e biocidas nas higienizações dos espaços públicos, como paredões e passadeiras.
Surf em grupos
As atividades desportivas, nomeadamente de surf, estão limitadas a cinco alunos por instrutor e com distância obrigatória de 1,5 metros entre pessoas, tanto na terra como no mar.