A falta de papel que se faz sentir na Comarca Judicial de Braga, desde setembro, levou já os tribunais desta cidade e de Guimarães a suspenderem a citação de réus em ações do foro cível, o que aconteceu, até agora, em cerca de 20 casos. Ao JN, o Ministério da Justiça diz que há dificuldades na importação de papel, mas adianta que "estão em curso dois novos procedimentos de compra centralizados, para garantir a tribunais e serviços do Ministério Público os meios necessários para a prossecução da sua missão".
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"Estamos a guardar o papel para a impressão ou cópia de documentos em processos urgentes, para que estes não se atrasem", declarou, ao JN, o juiz presidente da comarca, João Paulo Pereira, adiantando que recebeu cinco caixas, para a próxima semana e a distribuir pelos 18 edifícios que albergam tribunais no distrito.
Ainda quinta-feira, o JN presenciou um episódio, num dos juízos criminais de Braga, em que um oficial de justiça não tinha uma folha de papel para passar uma declaração de presença a uma testemunha, de modo a que esta pudesse justificar a ausência ao trabalho naquele dia, e teve de ir pedir uma "emprestada" a uma colega.
Contactado pelo JN, o Ministério da Justiça disse que a DGAJ (Direção-Geral da Administração da Justiça) não recebeu qualquer reporte sobre a situação. "A Comarca de Braga confirmou a não existência de casos de adiamentos ou atrasos de situações de caráter urgente", afirmou também.
Embora admitindo que "a instabilidade do mercado internacional de papel, com escassez mundial de matéria-prima e consequente alta de preços, está a provocar a disrupção do fabrico", o ministério disse que "a DGAJ tem garantido o fornecimento de papel nos tribunais através de uma gestão centralizada, acautelando quaisquer roturas de stock".