Hudson Nazaré foi atingido a murro quando entregava refeição e permanece em coma induzido há uma semana. Advogados vão avançar com queixa por tentativa de homicídio.
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Um estafeta está em coma induzido há uma semana, após ter sido agredido quando procedia à entrega de uma refeição, no Seixal. A família vai avançar com uma queixa por tentativa de homicídio e exigir que o agressor, um lutador de artes marciais, seja proibido de combater. Esta agressão surge na sequência de um alerta, feito por funcionários de empresas como a Uber Eats e a Glovo, sobre o aumento de assaltos, emboscadas e ataques a estes profissionais.
Em março deste ano, o JN já tinha avançado que os crimes cometidos sobre os funcionários de empresas de entregas ao domicílio estavam a aumentar quase ao mesmo ritmo que crescia o número de encomendas através de plataformas virtuais. Os receios, então, evidenciados pelos estafetas foram agora comprovados com mais uma violenta agressão. Hudson Nazaré, um brasileiro de 32 anos ao serviço da Uber Eats, foi atingido com um murro, na noite de domingo da semana passada, a tentar entregar uma refeição num prédio do Seixal.
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O desentendimento terá começado com recusa do estafeta em subir ao 5.º andar do edifício para deixar a comida à porta do apartamento. A discussão terminou quando, na rua, o lutador de artes marciais desferiu um murro na cabeça do opositor, deixando-o, de imediato, inanimado.
Médicos temem sequelas
Hudson Nazaré, que imigrou para Portugal há dois anos, foi operado de urgência no Hospital Garcia de Orta, em Almada, e permanece, desde essa altura, em coma induzido. "Não corre perigo de vida, mas os médicos temem que a lesão deixe sequelas permanentes", refere Marcel Borges. Juntamente com o também advogado José Barradas, Marcel Borges foi contratado pela família do estafeta para apresentar uma queixa contra o agressor. "Entendemos que o agressor deve ser acusado de tentativa de homicídio, porque, sendo lutador de artes marciais, sabia perfeitamente que um ataque daqueles era muito perigoso. Também vamos exigir que ele seja proibido de combater em competições de artes marciais", revela, ao JN, o causídico.
O agressor usou as redes sociais para garantir que nunca teve a intenção de ferir gravemente o estafeta. Também pediu desculpa e mostrou disponibilidade para ajudar a família da vítima. O vídeo seria retirado pouco depois e Marcel Borges assegura que a esposa de Hudson Nazaré nunca foi contactada.