"Toni do Penha" e negociante de carnes detidos por suspeita de assassinar empresário de Guimarães.
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A Polícia Judiciária (PJ) do Porto deteve, ontem, dois homens que são suspeitos de terem assassinado Fernando Ferreira, empresário de Guimarães do ramo da eletricidade, conhecido como "Conde", na noite de 8 de janeiro do ano passado. Torturaram-no até à morte por acreditarem que ele participou no furto de 130 mil euros da casa de António Silva, conhecido como "Toni do Penha", e sabia onde estava o dinheiro. No fim, atiraram-no ao rio.
Além de António Silva, reformado, de 70 anos, foi também detido Hermano Salgado, criador de cavalos e cortador de carnes, de 40 anos. Ambos são da zona de Caldas das Taipas. A PJ acredita que a vítima "foi atraída às imediações da praia fluvial de Briteiros, nas Caldas das Taipas, onde foi agredida e atirada ao rio Ave". O corpo viria a ser encontrado junto ao rio por um popular, 14 dias depois, no parque de lazer de Barco, a 500 metros do parque de Briteiros.
cofre arrombado
Para perceber o motivo do homicídio, é preciso recuar até dezembro de 2018, um mês antes, quando a casa de "Toni do Penha", em Sande São Clemente, foi roubada. Os ladrões cortaram um cofre e tiraram de lá 130 mil euros numa época em que "Conde" estava a realizar trabalhos de eletricidade na casa. "Toni do Penha" apresentou queixa na GNR, mas suspeitava que o eletricista tivesse roubado o dinheiro, em cumplicidade com a empregada de limpeza.
Assim, chegou a falar com um segurança para "apertar" o empresário e forçá-lo a dizer onde estava o dinheiro, mas ele recusou. Foi aí que "Toni" contactou Hermano Salgado, que terá aceitado o serviço. Marcaram, assim, um encontro com "Conde" para a noite de 8 de janeiro, em que acabariam por assassiná-lo.
Fernando "Conde" saiu de casa no seu Volvo C30, disse à mulher que ia ter com o "Toni do Penha" e nunca mais foi visto. Nos dias seguintes, a família e as autoridades realizaram várias buscas ao longo das margens do rio Ave. António Silva foi ouvido na GNR das Taipas como testemunha e disse nunca ter estado com a vítima. No entanto, quatro dias depois, quando as buscas se aproximaram da sua casa, ingeriu uma grande quantidade de medicamentos para pôr termo à vida. Não conseguiu porque o socorro dos Bombeiros chegou a tempo.
corpo irreconhecível
Depois de sair do Hospital, Toni passou a receber tratamento psicológico e viveu no último ano em casa de uma irmã, em Sande São Martinho, onde ontem foi detido pela PJ. No último ano, as autoridades estiveram sempre a investigar o caso e concluíram que a vítima foi espancada até à morte. Quando foi encontrada, estava irreconhecível e a autópsia teve de ser feita através de amostras de ADN.
"Toni do Penha" e Hermano Salgado são suspeitos de homicídio qualificado. Ontem, a PJ fez buscas a mais dois indivíduos, mas não os deteve. Um é sobrinho de "Toni", que apenas tinha um bastão em casa e, por isso, foi notificado para comparecer em Tribunal. O outro é o dono de um stande, com antecedentes em França por furto e viciação de veículos, que a investigação acredita possa ter guardado o Volvo C30 na noite do homicídio. O carro nunca chegou a aparecer.
Os detidos vão ser presentes ao juiz de instrução criminal do Tribunal de Guimarães, Pedro Miguel Vieira, hoje. O juiz acompanhou as quatro buscas realizadas.
SUSPEITO
Antigo empresário da noite chegou a andar de Ferrari
O nome "Toni do Penha" é bem conhecido pelas ligações que teve à noite. Chegou a ser dono da discoteca Penha Club, em Guimarães, e geriu uma discoteca no Porto. Já chegou a andar de Ferrari, mas vivia agora em casa da irmã, depois de ter vendido a sua casa. Tem antecedentes criminais por ofensas à integridade física e fraude fiscal.