Pôs à venda um Ferrari no OLX, por 55 mil euros, sem nunca imaginar que um indivíduo iria burlá-lo ao depositar na sua conta um simples cheque furtado, permitindo que, durante algumas horas, o dinheiro aparecesse no saldo contabilístico bancário.
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O indivíduo - atualmente em parte incerta - começa nas próximas semanas a ser julgado no Tribunal do Porto, com dois cúmplices, que adotaram o mesmo esquema com dois BMW, um Audi A6 e um Mini Countryman.
Paulo Amaral, residente em Arouca, gosta de carros clássicos. Foi por isso que comprou um Ferrari Testarosa em mau estado e renovou-o. Em junho de 2014, quis desfazer-se da viatura e pôs um anúncio no sítio OLX. Apareceu-lhe Marcos R., hoje com 35 anos, natural de Gondomar.
Saldo contabilístico
"Marcámos um encontro em Arouca. Eu levei-o a ver o carro. Disse-me que ia falar com a mulher. Passado uma semana, telefonou-me a dizer que realmente estavam interessados em comprar o carro. Disse-me que já tinham feito uma transferência bancária. Que eu podia verificar através do banco. Estava perto do ATM, meti o cartão e visualizei que realmente o dinheiro acordado estava no saldo contabilístico", contou ao JN Paulo Amaral, que estava reticente em entregar logo o veículo.
"Ele estava empolgado com o carro. Dizia que queria mostrar o carro à mulher. Eu não queria muito porque o saldo era apenas contabilístico, ainda não estava disponível e tratava-se de uma quantia avultada. Depois de muita insistência, acabei por ceder. Deixei-o levar o carro e o documento único automóvel, para o caso de uma eventual operação stop das autoridades. Acertámos que no dia seguinte ele voltaria cá para efetuarmos junto da Conservatória a mudança de registo de propriedade", relata Paulo Amaral.
Só no dia seguinte, após o banco verificar a não cobrança do cheque, é que a vítima foi alertada.
"Para meu espanto, um funcionário do banco telefonou-me para dizer que iam proceder a retirada do dinheiro porque o cheque tinha sido furtado a uma empresa de Vila Nova de Gaia. Nessa altura, é como se o Mundo desabasse na nossa cabeça. Não imaginava que pudessem aparecer pessoas capazes de um ato desse género", lamenta Paulo Amaral, que já não tem esperança de reaver o carro nem o dinheiro.
No dia seguinte, o Ferrari seguiu para a Alemanha, onde foi vendido por 16 mil euros.