Desde que foi preso pelo homicídio de Igor Silva, crime cometido na festa do título portista em 2022 pelo qual veio a ser condenado a 20 anos de prisão, Renato Gonçalves, filho de Marco Gonçalves, ou “Orelhas”, já acumulou dez sanções disciplinares em meio prisional. A última foi registada em dezembro do ano passado.
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A informação sobre os castigos aplicados a Renato Gonçalves, desde que, em 10 de maio de 2022, foi posto em prisão preventiva, consta do acórdão proferido na quarta-feira pelo Tribunal de São João Novo, no Porto. A decisão não especifica as concretas infrações que justificaram as dez sanções aplicadas ao arguido, de 21 anos.
Quando foi posto em prisão preventiva, Renato Gonçalves foi mandado para o Estabelecimento Prisional do Porto, em Custóias, mas, sete dias depois, foi transferido para a cadeia anexa à Polícia Judiciária (PJ) do Porto, um espaço controlado pela Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais, onde também está o seu pai.
Marco Gonçalves, de 41 anos, que foi condenado a uma pena dois anos mais leve do que a do filho, também já foi alvo de duas sanções disciplinares na prisão, a última delas em setembro de 2023. O acórdão do Tribunal de São João Novo também não indica as razões de tais castigos.
Em relatório elaborado pelos Serviços Prisionais e citado pela sentença, diz-se que Renato Gonçalves manifestava "apreensão e receio" em relação ao seu futuro e ao do seu pai, verbalizando a hipótese de o próprio emigrar do país, para escapar a eventuais "retaliações de terceiros relacionados com a vítima".
O coletivo refere que, apesar de estar inscrito na escola da cadeia anexa à PJ do Porto, Renato Gonçalves não tem qualquer motivação ou interesse em frequentá-la. No passado, já tinha beneficiado de duas suspensões provisórias pelos crimes de condução sem carta e venda irregular de bilhetes.
Suporte de "Macaco"
Quanto a Marco Gonçalves, o acórdão diz que os seus projetos de vida em liberdade também passariam por emigrar para a Alemanha, país onde teria o apoio inicial de um cunhado.
Atualmente, diz o tribunal, o arguido tem uma "rede informal de suporte" que é "constituída pela companheira, pelos três filhos, pela irmã e por dois grandes amigos, que referencia como de longa data - Bruno Santos e Fernando Madureira". Este, conhecido pela alcunha "Macaco", é o líder da claque dos Super Dragões e está em prisão preventiva na mesma cadeia, no âmbito da Operação Pretoriano.
"Orelhas" já era um velho conhecido da Justiça. Desde 2000, foi condenado a diferentes penas, mas nunca privativas da sua liberdade, por crimes de condução sem carta, desobediência, ameaça agravada, injúria agravada e ofensa à integridade física qualificada. O acórdão diz que o arguido desvalorizava o seu histórico criminal, que relacionava com incidentes ligados à atividade da claque dos Super Dragões, que integra desde 2010, e desportiva - foi futebolista do Canelas 2010, onde chegou a agredir um árbitro com uma joelhada que lhe fraturou o nariz.