Um movimento inorgânico da PSP e da GNR está a apelar ao boicote do Rally de Portugal nos dias 11 e 12 de maio, bem como dos jogos de futebol que se realizarem esse fim de semana. Afirmam que o atual Governo os "quer ignorar/ludibriar" e exigem um acordo até ao dia 10 de maio.
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Numa carta que está a ser distribuída pelas duas forças de segurança (FS) são recordados Pedro Costa, da PSP, que foi a face visível dos protestos dos polícias em fevereiro deste ano, Josias Alves, da GNR, que esteve em greve de fome no Porto, e o Tenente Afonso Viana, que teve de explicar as baixas de 40 militares da sua companhia.
"Muitas vigílias se fizeram, manifestações gigantes, com adesões massivas e o governo apenas nos ignorou. Vários elementos da PSP foram transferidos das suas funções, como forma de repressão, a lutar por nós todos. Todos nós, forças de segurança, temos de honrar estas mulheres e homens, não podemos deixar que o seu sacrifício tenha sido em vão, temos de continuar a reivindicar arduamente", pode ler-se na missiva.
Os autores da carta sublinham que, "apenas quando o futebol não se realizou, o Governo nos dirigiu a palavra, para nos ameaçar/amordaçar e obrigar a trabalhar mesmo quando doentes" e denunciam que deixaram "cidades inteiras sem policiamento, folgas cortadas e tudo para garantir que não existia algum tipo de falha com o futebol".
Recordando que, em campanha, Luís Montenegro "afirmou que após as eleições, iria reunir rapidamente com as forças de segurança para resolver a grande injustiça criada pelo anterior Governo", os autores da carta consideram que, "infelizmente", depois de ouvirem as declarações da ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, e o "silêncio" do primeiro-ministro em relação às FS, "é fácil concluir que o atual Governo nos quer ignorar/ludibriar".
"O suplemento de missão dado à PJ [Polícia Judiciária] tem de ser transversal às Forças de Segurança, ou seja 15%, do salário do Diretor Nacional da PJ, ou seja, 20% do salário do Diretor Nacional da PSP/Comando da GNR, que perfaz 1026 euros mês (o suplemento das FS de um guarda/agente é de 292 euros), em termos práticos todos os elementos da PJ tiveram aumento de 700 euros por mês", lê-se na carta, onde é exigido igual aumento e se relembra que "a PJ tem direito à greve e nós não".
Após um apelo à união - "juntem se à luta, a luta é de todos nós" - a missiva sublinha que, "se até 10/05/2024 (dois meses após as eleições) não existir uma declaração pública do Governo e plataforma que chegaram acordo e qual o acordo, dia 11 e 12 de maio ninguém faz gratificados, nesse fim de semana decorre o Rally de Portugal e o Futebol da Liga 3 e afins. A responsabilidade é única e exclusiva do Governo".
"Será que somos assim tão maus profissionais que um guarda/agente nem em final de carreira tem direito a um vencimento base igual a um elemento da PJ em início de carreira?", questionam os autores da carta.