Instrutor atingido na canela por bala que fez ricochete em alvo metálico. Acidente ocorreu em carreira de tiro onde Carla Amorim perdeu a vida e sindicato dos guardas prisionais reclama melhores condições.
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Um formador de tiro ficou ferido, após o ricochete de uma bala, quando dava instrução a guardas prisionais. O acidente, que causou lesões ligeiras na vítima, aconteceu na carreira de tiro de Paços de Ferreira, a mesma onde, em novembro de 2018, morreu Carla Amorim, guarda prisional baleada durante uma ação de formação. O formador que agora ficou ferido também estava presente aquando da tragédia. O Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP) reclama melhores condições para a carreira de tiro de Paços de Ferreira, mas a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) garante que o equipamento dispõe das condições de segurança adequadas.
O caso ocorreu na segunda-feira, quando 20 guardas prisionais das cadeias de Custóias e de Santa Cruz do Bispo (feminino) estavam a treinar tiro. Ainda pela manhã, uma das balas disparadas fez ricochete num alvo metálico e percorreu cerca de dez metros até atingir a perna de um dos dois formadores que se encontravam no local. "Um formador sofreu ferimento ligeiro numa canela, resultante do ricochete de um projétil. O ferimento, superficial, não requereu a necessidade de deslocação a hospital, mantendo-se o formador ao serviço", explica a DGRSP.
Fonte oficial confirma "que o formador que agora sofreu este ferimento ligeiro encontrava-se presente [mas não foi o autor do disparo mortal] na ação de formação em que teve lugar o acidente em que, lastimavelmente, perdeu a vida a guarda Carla Amorim". "Está a decorrer processo de inquérito ao acidente, o qual está a cargo do serviço de Auditoria e Inspeção que é coordenado por magistrado do Ministério Público", complementa a DGRSP.
Poucas alterações feitas após morte de guarda prisional
Para o SNCGP, este episódio vem provar que são necessárias intervenções urgentes na carreira de tiro de Paços de Ferreira. "Há aspetos de segurança que podem ser melhorados", refere o sindicalista Carlos Sousa. O presidente do SNCGP critica, igualmente, as condições de socorro existentes naquele equipamento. "O caminho é em terra batida e com muitos obstáculos. Havendo uma situação grave, uma ambulância não consegue aceder à carreira de tiro", acusa.
As críticas são, no entanto, refutadas pela DGRSP. "A carreira de tiro de Paços de Ferreira é sujeita a manutenção e limpeza regular, tendo as condições de segurança adequadas e permitindo o acesso de ambulâncias", assegura.
Fonte oficial do organismo admite, contudo, que após a morte de Carla Amorim pouco foi alterado na carreira de tiro de Paços de Ferreira. Confrontada pelo JN com as alterações introduzidas na formação de tiro após o episódio que vitimou a guarda prisional, a DGRSP diz, somente, que a "organização das sessões de tiro em duas linhas de dez corresponde a uma alteração de procedimentos decorrente do anterior acidente". E esclarece que foi "fixado um mínimo de três e um máximo de dez elementos por linha".