Equipamentos estavam escondidos entre as folhas de exercícios a ministrar aos presos. Revista feita à porta revelou esquema ilegal
Corpo do artigo
Um formador de metalomecânica foi apanhado a tentar introduzir três telemóveis e respetivos carregadores na cadeia de Custóias, em Matosinhos, na sexta-feira. O homem, com cerca de 50 anos, tinha os equipamentos escondidos entre as folhas de exercícios a usar na formação que iria ministrar aos reclusos. A deteção dos equipamentos ocorreu à porta do estabelecimento prisional, o formador não foi detido, mas o caso será alvo de investigação.
A Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais confirma que, "no âmbito do trabalho normal e quotidiano de controlo à entrada e circulação de produtos e bens ilícitos em contexto prisional, detetou e apreendeu, a um formador externo que presta serviço no Estabelecimento Prisional do Porto, três telemóveis". A mesma fonte acrescenta que, "como decorre do legalmente previsto, o formador ficou imediatamente proibido de entrar em qualquer estabelecimento prisional e a ocorrência foi reportada à entidade de quem depende".
O JN apurou, entretanto, que tudo aconteceu ainda antes das 9 horas desta sexta-feira, quando o formador se preparava, como era hábito, para entrar na cadeia. Sujeito a uma revista, não passou da primeira porta, porque os guardas prisionais logo detetaram os telemóveis e carregadores.
Este equipamento, assim com os cartões SIM, estava escondido entre o material que o formador iria usar na aula dessa manhã. Alguns telemóveis estavam embutidos num buraco feito à medida numa resma de folhas, enquanto outros estavam colados com fita adesiva a papéis e dissimulados por outras folhas. Todos os papéis que escondiam os telemóveis estavam a ser transportados numa pasta que o formador carregava.
Telemóveis para entregar a presos
O formador agora apanhado pertence aos quadros de um centro de formação profissional contratado pela Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais e há alguns anos que é responsável pela formação em metalomecânica ministrada a alguns reclusos da prisão de Custóias. Nesta sexta-feira, seriam entre dez a 12 os presos que tinham aulas marcadas com o formador apanhado na posse de equipamento proibido no interior das cadeias.
Fontes ligadas ao sistema prisional não têm dúvidas que os telemóveis apreendidos seriam para entregar a um ou mais destes presos, para que fossem, depois, usados a partir das celas. Explicam, ainda, que a simples posse de telemóveis não é proibida a pessoas externas à cadeia e, por esse motivo, o formador não foi detido de imediato.