O ex-diretor de comunicação do F. C. Porto, Francisco J. Marques, revelou esta manhã de terça-feira no Tribunal de São João Novo, no Porto, que soube, dias antes, através do diretor de marketing, da possibilidade de mudar a Assembleia Geral (AG) para o pavilhão Arena.
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Francisco J. Marques disse que “era evidente que havia poucos seguranças” e que ficou “admirado porque é que a polícia nunca entrou”, já que tinha visto tantos no exterior.
O antigo funcionário do Porto conta que chegou a entrar no auditório e saiu logo, porque estava um “ar irrespirável, insalubre”. Foi então para o Arena, pois já na semana anterior - “na quinta ou sexta-feira” - Tiago Gouveia, o diretor de marketing, tinha-lhe dito que havia essa opção. "Todos nós sabíamos que ia ter uma afluência anormal de sócios”, recordou. Ontem, Carlos Carvalho, o diretor de segurança explicara que só soubera da possibilidade Arena no próprio dia do evento, daí a dificuldade em arranjar seguranças para o evento.
Francisco J. Marques, contou que, no caminho para o Arena, tanto Tiago Gouveia como Carlos Carvalho criticaram a forma como o presidente da mesa da AG tinha organizado a mesma e considerou que, no interior do pavilhão, havia pouca segurança. “A única estranheza que tive na AG, foi, quando era evidente que havia poucos seguranças e tendo eu passado por muita polícia, fiquei admirado porque é que a polícia nunca entrou”, revelou. Questionado sobre quem teria essa responsabilidade, disse que “seria Carlos Carvalho nunca Tiago Gouveia”, frisando não saber se essa opção teria de passar pelo presidente da mesa, Lourenço Pinto.
O então diretor de comunicação recordou que, na altura, “havia uma enorme contestação dos sócios à direcção em funções e havia o início de uma candidatura que veio a ser a vencedora, por larga margem, do atual presidente, André Villas-Baos”. Na sua opinião, “criou-se a ideia que aqueles estatutos seriam para beneficiar a direção em funções se fossem aprovados. Se eu era contra a direção, tinha de ir à AG votar contra a alteração. Não faz muito sentido, mas foi essa a ideia que se criou”. Francisco J. Marques disse ainda que, antes da AG, houve muita mobilização nas redes sociais, sendo “muito maior o movimento de oposição, de contestação, do que a favor da direção”.
“Mais assobios que palmas” a Pinto da Costa
No interior da AG, após o discurso inicial de Pinto da Costa, “houve muitos assobios - mais assobios que palmas - o que era uma coisa invulgar com o presidente. A confusão lamentável gerou-se a partir daí, com troca de insultos e bate-bocas”. Houve então “uma pancadaria entre meia-dúzia de pessoas” na bancada norte. “A única pessoa que identifiquei, foi o Fernando Madureira, depois da confusão, a gesticular e a berrar”, descreveu.
O ex-diretor de comunicação não sentiu “um clima de intimidação” frisando que as portas estiveram sempre abertas, mas reconheceu que houve associados que se queixaram de serem intimidados. As “coisas serenaram, a AG continuou, mas depois houve nova confusão com o Henrique Ramos. Do ponto de vista físico o único contacto físico que vi na AG foi nessa altura, ficando perplexo por ver envolvido Tiago Aguiar, “um funcionário do F. C. Porto, de quem tinha a ideia de ser uma pessoa extremamente pacata”. Já quanto a Fernando Saúl disse que “nunca esteve, na parte visível da AG, metido em confusões”.