Há pouco mais de uma semana, o filho de António Cluny emitiu um comunicado à Lusa a rejeitar conflito de interesses no Football Leaks. Agora, ao Porto Canal, a Eurojust confirmou que o presidente dessa agência de cooperação judiciária nos casos do Football Leaks questionou a Procuradoria Geral da República sobre esse mesmo tema e o dirigente portista passou ao ataque
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"A Der Spiegel noticiou que havia um incómodo nos outros elementos do Eurojust por o senhor António Cluny não ter revelado que o seu filho, João Lima Cluny, intervinha como advogado em processos do Football Leaks, que era presença assídua na BTV, que também está envolvido nestas coisas do Benfica, como a gente tão bem sabe. Mas foi mais do que isso", arrancou Francisco J. Marques, esta terça-feira, no programa Universo Porto da Bancada.
E o dirigente portista prosseguiu assim sobre a notícia do Porto Canal: "O que isto nos revela é que presidente da Eurojust fez um pedido de explicações direto à Procuradoria Geral da República. Portanto, perguntou se achavam que havia aqui um conflito de interesses ou não, porque no Eurojust cada membro nacional responde perante as leis do país e as directivas do país. Era preciso saber se haveria incompatibilidade segundo a nossa lei. A Procuradora Geral da República respondeu que não. Mas aqui a questão é muito do ponto de vista ético. Portanto, mais uma vez Portugal faz esta figura por causa das pessoas não serem capazes de falarem claro, falarem franco, jogarem limpo. É disso que se trata, de ser o mais transparente possível. Quem não deve não teme. Se família Cluny não deve, não teme, então o senhor António Cluny teria a obrigação de ter informado os seus colegas de que o filho intervinha em processos do Football Leaks e em processos relacionados com o Benfica".
Relativamente à alegada omissão, o dirigente portista concluiu: "Se calhar os colegas [na Eurojust] até lhe diziam que ficaria de parte destas coisas. Seria o processo mais normal. Isso é que seria razoável, mas não. Omitiu e, no fundo, passamos por andarmos aqui a tentar enganar os outros. E qual é o objectivo disto? Proteger quem? Nós sabemos muito bem. Há sempre um denominador comum nisto, chama-se Benfica".
Relativamente a Rui Pinto, que se demarcou do roubo dos emails ao Benfica e sugeriu que essa questão fosse colocada a Francisco J. Marques, o diretor de comunicação repetiu o que já disse vezes sem conta: "Fui eu que recebi os emails, eles foram entregues à Polícia Judiciária, a Polícia Judiciária está a investigar, convém também recordar isso, mas a ligação termina aí. Eu nem sei quem enviou, não sei se se chama Rui Pinto, Manuel António, não faço ideia. Mas tudo o que eu sei a polícia sabe".