Fugitivo de Vale de Judeus tinha armas e material para "esconder" comunicações quando foi apanhado
O fugitivo da cadeia de Vale de Judeus capturado, esta sexta-feira, num casebre, em Trás-os-Montes, tinha na sua posse armas com silenciadores e material que lhe permitia omitir das autoridades o sinal das comunicações com terceiros, incluindo "walkie-talkies".
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O equipamento tinha, "muito provavelmente", sido já usado na fuga com outros quatro reclusos, a 7 de setembro de 2024, do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, em Alcoentre (Azambuja), referiu, em conferência de imprensa, a diretora da Unidade Nacional de Contraterrorismo da Polícia Judiciária (PJ).
Manuela Santos acrescentou que Fernando Ferreira, de 61 anos, estava sozinho em casa e ainda tentou, sem sucesso, fugir às autoridades. "O paradeiro já era conhecido há alguns dias e [a operação] estava preparada de modos a que corresse tudo da melhor maneira", salientou. A ação contou com a colaboração da GNR.
O homem, que cumpria uma pena de 24 anos de prisão por crimes violentos quando fugiu de Vale de Judeus, vai ficar agora preso, "de acordo com instruções da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais", no Estabelecimento Prisional de Monsanto, uma cadeia de alta segurança em Lisboa.
Fernando Ferreira foi o segundo dos cinco foragidos a ser detido pelas autoridades. A 7 de outubro, Fábio Loureiro, de 33 anos, foi detido em Tânger, Marrocos, pelas autoridades locais, aguardando extradição para Portugal. Esta sexta-feira, o diretor nacional da PJ, Luís Neves, garantiu que a transferência para uma prisão portuguesa acontecerá "a muito curto prazo".
"Sempre dissemos, e mantemos, que todos os cinco - neste momento já sobram três que estão evadidos - tudo fariam para se manterem longe dos holofotes, longe de nós. É certo é que o trabalho silencioso no passado levou-nos à captura de um dos evadidos em Marrocos. [...] Hoje, em território nacional, em Trás-os-Montes, um trabalho de filigrana e demorado levou-nos à detenção de mais uma destas pessoas", afirmou, na sede da PJ, em Lisboa.
Investigação com "canal especial"
A Unidade Nacional de Contraterrorismo da PJ prossegue a investigação para a captura dos três reclusos que continuam a monte: o argentino Robert Lohrman, de 59 anos, o britânico Mark Roscaleer, de 35, e o georgiano Shergili Farjiani, de 40.
"Temos encetado desde a primeira hora contactos a nível internacional não só com os países de origem dessas pessoas, mas também com todos os outros por onde entendemos que possa haver algum tipo de contacto", reiterou Manuela Santos, precisando que "há um canal especial dedicado a esta matéria" com as "entidades policiais congéneres". Desde 7 de setembro, foram já recebidos "alguns alertas", que acabaram por não se confirmar.
A PJ está igualmente a investigar a fuga, através do escalamento de um muro e do uso de uma escada, de Vale de Judeus, que contou com o apoio de terceiros. "Estamos a trabalhar de forma ininterrupta e esperamos, também, daqui a uns tempos conseguir apresentar alguns resultados", assegurou a diretora da Unidade Nacional de Contraterrorismo.