Indivíduos investigados pela PJ foram detidos no país vizinho. Apenas um ficou em prisão preventiva.
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Em apenas dois anos, um grupo de cinco indivíduos de nacionalidade espanhola assaltou os cofres particulares de 14 dependências bancárias, de onde levaram mais de 3 milhões de euros, em dinheiro, ouro e joias, pertencentes a clientes. Apesar de serem altamente profissionais e organizados, os homens acabaram por ser identificados pela Polícia Judiciária (PJ), que pediu às autoridades espanholas para os deter separadamente, ao longo das últimas semanas. Foram extraditados para Portugal, onde juízes de instrução criminal entenderam existir prova suficiente para colocar apenas um em prisão preventiva.
Dos 14 furtos milionários, apenas cinco foram concretizados. Isso, porque apesar de terem destruído os muros ou portas em todos os bancos visados, não hesitavam em abortar os assaltos, sem levar ouro ou dinheiro, à mínima suspeita da presença das autoridades.
Tudo era pensado ao pormenor. Antes dos furtos, alguns dos indivíduos deslocavam-se a Portugal para preparar os assaltos. Procuravam alojamento, compravam equipamento eletrónico e escolhiam os alvos. Um deles, David L., fazia passar-se por potencial cliente e ligava com telemóveis descartáveis às dependências bancárias para saber se tinham cofres particulares para alugar.
Depois de escolher os alvos, iam a lojas de venda de material de desporto e de construção civil para adquirir ferramentas. Abasteciam os carros e pagavam em dinheiro, para não deixar rasto.
Furtavam chapas de matrículas portuguesas para as colocar nos seus carros espanhóis, de alta cilindrada.
Já perto das dependências bancárias, alguns ficavam em posição de vigia para poder alertar os companheiros, em caso de movimentações das autoridades. Depois, cortavam os cabos de eletricidade e do sistema de alarme e videovigilância, acessível do exterior. Esperavam discretamente que as centrais de segurança comunicassem o problema às polícias locais, para que estas se deslocassem ao banco.
Sem detetar qualquer sinal de arrombamento ou movimentos suspeitos, os agentes regressavam à esquadra ou posto da GNR.
Depois das autoridades terem abandonado o local, o grupo voltava ao trabalho e destruía as paredes do banco para entrar. Rebentavam as portas para conseguir chegar à área reservada onde estão os cofres alugados a particulares. Com ferramentas especiais, como potentes alicates hidráulicos, rebentavam os cofres para sacar os valores. Com o produto dos furtos, regressavam a Espanha.
Inibidores de telemóveis
Atuavam sempre encapuzados, com roupa escura e luvas. Tudo era pensado para não deixar vestígios biológicos ou impressões digitais. Tinham também inibidores de sinais de telecomunicações para anular eventuais equipamentos de segurança internos, ligados a telemóveis. Os furtos imputados ao grupo começaram a 10 de julho de 2018. A primeira agência visada foi a Caixa Agrícola de Vila Nova de Cerveira. A última foi a do Novo Banco de Almancil, um ano depois.
Miranda do Douro
Há 15 dias, dois dos suspeitos foram localizados em Espanha a pedido das autoridades portuguesas e levados para o Tribunal de Instrução Criminal de Miranda do Douro, onde roubaram um potente alicate hidráulico aos bombeiros locais. Foram libertados com a obrigação de se apresentarem periodicamente às polícias nas suas áreas de residência.
Casos em Espanha
Os indivíduos não estão a ser investigados apenas em Portugal. As polícias espanholas acreditam que serão responsáveis por assaltos semelhantes em várias dependências bancárias daquele país. No entanto, não foram detidos.