“Ele começa à procura de qualquer coisa e quando vejo ele está com uma faca virada para mim. Ao fazer a rotação bato com o joelho e ele atinge-me na dorsal/lombar”. A descrição é de João Araújo, gerente do bar Matriz, em Famalicão, que foi esfaqueado em fevereiro do ano passado.
Corpo do artigo
Os primos Nélson e Licínio estão a ser julgados pela morte de José Ferreira, de 32 anos, e por terem ferido João Araújo. O julgamento decorre no Tribunal de Guimarães e tem sido pautado por depoimentos contraditórios relativamente ao que testemunhas e arguidos disseram à Polícia Judiciária em fase de inquérito.
Nas declarações que prestou para memória futura, João contou que era o responsável pelo bar e que ao aperceber-se de uma confusão entre um grupo de brasileiros e os dois indivíduos de etnia cigana interviu, colocando-os fora do estabelecimento, uma vez que “os brasileiros eram em maior número”.
Entretanto, apontou que quando perguntou pelos cartões, um dos indivíduos, que identificou como sendo Licínio, lhe deu um murro. Diz que também lhe deram um pontapé mas não sabe dizer se foi Licínio ou Nelson.
Entretanto, continuou, os dois indivíduos fugiram e João foi atrás deles. José, que estava no exterior do bar, seguiu também no encalce dos indivíduos. Licínio seguiu para um lado e Nelson para outro.
João disse ter seguido na direção de Licínio e a determinada altura vê que tinha uma faca e volta para trás. Terá sido nessa altura que foi atingido com uma facada.
“Faço a rotação [para voltar para trás] que vi o Zé do outro lado”, afirmou esclarecendo que a vítima mortal estava “embrulhado” com alguém. João voltou então ao bar para pedir auxílio.
Na primeira sessão de julgamento Licínio ficou em silêncio e Nelson acusou-o de ser o autor do homicídio. O Ministério Público acusou Licínio de ferir João e Nélson de matar José.