Apresentou-se ao serviço no posto de Nisa com uma taxa de alcoolemia de 1,19. Foi detido e está suspenso.
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Um militar do Posto da GNR de Nisa foi detido por crime de insubordinação por desobediência depois de se ter apresentado ao serviço com uma taxa de alcoolemia de 1,19 e um comportamento alegadamente alterado. Ainda tentou engolir o talão com o resultado dos testes. Por segurança, acabou por ser fechado numa cela, praticamente despido. Já foi suspenso.
O guarda em questão tem 21 anos e está ao serviço há cinco meses. Segundo informações a que o JN teve acesso, tudo terá começado quando Rafael Fernandes solicitou ao comandante do posto, o segundo-sargento Sá Ribeiro, um fim de semana de folga para cuidar dos pais. Inclusivamente, terá questionado o superior sobre se não seria melhor pedir uma baixa médica, de apoio à família. Em resposta, Sá Ribeiro terá dito que bastava apenas tirar a folga.
"Acontece que nesse fim de semana decorria o Nisa em Festa [12 a 15 de agosto], onde o militar em questão foi visto por diversos colegas a divertir-se. Para além disso, o militar foi ao centro de saúde pedir um atestado de doença, atestado esse que nunca entregou no serviço", disse ao JN fonte ligada ao caso.
Na segunda-feira, quando se apresentou para trabalhar, pelas oito horas, o comandante do posto determinou que todos os militares de serviço fossem sujeitos ao teste de alcoolemia, tendo Rafael Fernandes acusado primeiro cerca de 1,30 gramas por litro de álcool no sangue e num segundo teste 1,19. Terá recusado fazer a contraprova num primeiro momento e quando o quis fazer não terá conseguido.
Em comunicado, o Comando Geral da GNR explicou que "o militar, quando confrontado com o resultado do teste em causa, apresentou um comportamento desajustado, alterado e tentou destruir as provas, nomeadamente, o registo e resultado do teste de alcoolemia".
despido por prevenção
Outra fonte referiu ao JN que "Rafael agarrou nos talões que estavam em cima da mesa e meteu-os na boca para os destruir. Ainda os tentou engolir. Foi avisado várias vezes para os tirar da boca, mas só o fez depois de alguma insistência".
O militar acabou por ser detido pelo crime de insubordinação por desobediência. Foi fechado na cela do posto, tendo-lhe sido retirada a farda que vestia, por questões de segurança. "Como a qualquer detido, foram-lhe tiradas as botas, o cinto, o polo e as calças da farda, que têm uma espécie de atacadores, e que podiam ser utilizadas por ele para se suicidar", explicou ao JN a mesma fonte.
Todos os factos foram participados e comunicados ao Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) pelo comandante de Destacamento Territorial de Nisa, capitão Pedro Ribeiro.
O JN tentou chegar à fala com Rafael Fernandes, o que não foi possível até ao fecho desta edição.
PROCESSOS
Arrisca pena de expulsão e cadeia
Após a elaboração do expediente, o militar foi libertado. Internamente foi aberto um processo disciplinar e solicitado ao Centro Clínico da Guarda uma avaliação e o acompanhamento psicológico/psiquiátrico do visado. O militar já foi a duas consultas e tem outra marcada. No limite, a pena do processo interno pode ser a dispensa (expulsão), enquanto que no processo-crime a pena pode ir de um a oito anos de prisão. Neste caso, visto que os factos ocorreram em presença de militares reunidos, a pena não ultrapassará os quatro anos.