Arguidos alegavam problemas judiciais e pediam dinheiro emprestado a idosos. Quando estes tentavam reaver a verba, eram intimidados. Os dois casais foram acusados de 32 crimes de burla qualificada, um na forma tentada, e um crime de branqueamento.
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Sérgio Ribeiro, militar da GNR, de 34 anos e destacado em Guimarães, e a mulher, Soraia Ribeiro, auditora de justiça de 29 anos, gostavam de carros topo de gama, de restaurantes de luxo, de viajar e de roupas de marca. Porém, eram prazeres inacessíveis para os seus "rendimentos modestos".
Decidiram então, com a ajuda dos pais do militar, reformados e residentes em Mondim de Basto, engendrar um esquema para viverem uma vida de milionários, "à custa de terceiros". O pai do militar, "muito conhecido, considerado e com boa reputação", começou a pedir dinheiro a pessoas que nele confiavam, aponta a acusação do DIAP de Braga.
Sozinho ou com a ajuda da mulher, o reformado invocava "uma situação de urgência e aflição" - a prisão iminente do filho ou uma possível expulsão deste da GNR - e alegava que necessitava de efetuar pagamentos judiciais para evitar aqueles desfechos. As vítimas, normalmente idosos em situação frágil, acediam aos pedidos. O dinheiro era entregue ao filho que o usava em grande parte para sustentar os seus gostos de luxo.
Nenhum dos arguidos fez alguma intenção de pagar os empréstimos. Aliás, quando as vítimas tentavam reaver o dinheiro, eram intimidades e, por isso, poucas queixas chegaram a avançar.
Detidos em novembro de 2019
Em novembro do ano passado, viriam a ser detidos. Um ano depois, foi conhecida a acusação. Segundo o Ministério Público de ViIa Nova de Famalicão, entre 2016 e 2019, os dois casais conseguiram que 29 ofendidos, nalguns casos marido e mulher, lhes entregassem 406 999 euros, sendo que grande parte da verba foi usada para financiar "um elevado nível de vida do arguido militar da GNR e da arguida auditora de justiça" e candidata a juíza.
Além das 32 burlas, os arguidos estão ainda acusados de terem feito circular estas quantias por contas bancárias, com operações para dificultar a sua rastreabilidade, e de as terem reconvertido em inúmeros bens, daí o crime de branqueamento.