O Gabinete de Cibercrime do Ministério Público emitiu um alerta para o "grande incremento" de uma campanha de burlas através da realização massiva de chamadas telefónicas para Portugal. Dizem ser uma autoridade judicial internacional e procuram convencer as vítimas a transferir poupanças para "contas seguras".
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As chamadas aparecem como originárias de uma operadora portuguesa mas começam com uma mensagem gravada em inglês de uma suposta "International Judicial Police". A curta gravação adverte o destinatário que o seu documento nacional de identificação foi relacionado com criminalidade internacional grave e que já foi emitido um mandado de detenção em seu nome. Para saber mais pormenores e como "ultrapassar o caso" terá de premir a tecla 1 e falar com um "officer".
Se a vítima assim o fizer, a chamada irá ser transferida para um dos burlões. O criminoso apresentar-se-á, falando inglês com sotaque da região do subcontinente indiano, como um "officer" da "International Judicial Police" ou da "Judicial Police of Lisbon". Irá então dizer à vítima que está a ser alvo de uma investigação internacional e que só lhe poderá dar mais detalhes quando indicar os seus dados pessoais e de identificação.
Identidade alegadamente usurpada
Já na posse daqueles dados, o burlão irá dizer que a identidade da vítima foi usurpada e está a ser usada para abrir contas bancárias de branqueamento de capitais. Irá, de seguida, elencar contas em vários bancos para tentar identificar eventuais contas bancárias (e cartões de crédito) de que a vítima seja efetivamente titular e o seu respetivo saldo.
Depois, para impedir que aqueles montantes sejam "congelados" pelas autoridades, vai convencer a vítima a transferir o seu dinheiro para alegadas "contas seguras" indicadas pelo burlão.
Chamadas são fraudulentas
Estas chamadas telefónicas são fraudulentas. "Não têm origem em qualquer entidade, serviço ou departamento policial ou judiciário. São efetuadas por agentes criminosos que integram grupos de criminalidade organizada internacional", garante o Gabinete de Cibercrime do MP.
O comunicado lembra que, antes da chamada, os criminosos não têm qualquer informação sobre as vítimas e que as chamadas são aleatórias. Se se ignorar a chamada e não se premir a tecla 1, a ação criminosa é inviabilizada e a chamada termina após alguns segundos.
"Grande incremento" da burla em agosto
O Gabinete identificou as primeiras chamadas deste género nos últimos dias de junho e, durante o mês de agosto, sofreram "um grande incremento". O comunicado reforça que "todo este procedimento é criminoso".
"O propósito único dos autores destas chamadas telefónicas é burlar vítimas menos atentas, provocando nelas temor e ansiedade que as levam a praticar atos impensados, os quais lhes vão provocar prejuízo patrimonial. É recomendável encarar cautelosamente chamadas telefónicas de desconhecidos, como as descritas. Uma vez identificado o seu teor, não deve responder-se às mesmas, desligando e reportando o facto ao Ministério Público ou aos órgãos de polícia criminal", termina o Ministério Público.