A greve dos funcionários judiciais adiou o arranque do julgamento de Cláudio P., estudante de 17 anos acusado de ter matado a tiro Diogo Pereira, em maio do ano passado, num bar, em Gandra, Paredes, e de ter ainda baleado um amigo da vítima mortal.
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Cláudio P., que se encontra em prisão preventiva no estabelecimento prisional de Leiria, chegou ao Tribunal de Penafiel ao início da manhã, mas acabou por não sair da carrinha celular, já que, devido à greve dos funcionários judiciais às audiências, a primeira sessão do julgamento não se realizou.
O JN sabe que Cláudio ia prestar declarações no arranque do julgamento e que ia contar o que aconteceu naquela noite. Mas acabou por regressar ao estabelecimento prisional sem o fazer, tendo sido marcada nova sessão para o arranque do julgamento - dia 9 de março - arranque este que pode voltar a não acontecer, visto ainda ser dentro do período de greve definido pelos funcionários judiciais.
Ao JN, Maria Manuela Oliveira, a mãe de Diogo Pereira, mostrou-se desiludida pela suspensão da audiência. "Estamos aqui para que se faça justiça pela crueldade que fizeram ao meu filho", referiu, "desiludida" por se estar a adiar a sessão.
Disparou na casa de banho
O crime ocorreu na madrugada do dia 29 de maio do ano passado, no interior do bar Praxe. Segundo a acusação do Ministério Público, Cláudio P., entrou no bar munido de uma arma e acabou por, sem qualquer discussão ou conflito, disparar sobre Diogo Pereira, quando se cruzaram na casa de banho do estabelecimento de diversão noturna.
Diogo Pereira, residente no Bairro do Falcão, no Porto, foi encontrado por clientes que estavam no interior do bar, cerca das 6.30 horas da madrugada daquele domingo, caído na casa de banho, com um ferimento de bala na cabeça. No exterior do edifício, caído junto a uma floreira, com um tiro na zona abdominal, estava a outra vítima, residente em Rio Tinto, Gondomar.
Diogo Pereira ainda foi hospitalizado, mas não resistiu à gravidade dos ferimentos e acabou por falecer no hospital, dois dias depois.
Depois da morte de Diogo Pereira, Cláudio P., que fugiu do local no dia do crime, entregou-se na Polícia Judiciária e foi colocado em prisão preventiva. O jovem vai ser julgado por quatro crimes: homicídio qualificado, homicídio qualificado na forma tentada, posse de arma proibida e roubo qualificado na forma tentada.
Centenas de julgamentos adiados
A greve que os funcionários judiciais estão a fazer às diligências e que se vai prolongar até ao dia 15 de março, já adiou centenas de julgamentos em todo o país e esta sexta-feira adiou mais um em Penafiel. "Esta greve é uma greve atípica, a atos, que suspende julgamentos que não colidam com direitos, liberdades e garantias e este é um destes casos", referiu José Loureiro, dirigente sindical do Sindicato dos Funcionários Judiciais, explicando que a suspensão de centenas de julgamentos vai significar atrasos. "Quando a justiça acordar, isto vai refletir-se num atraso muito grande por tudo aquilo que diariamente está a ser adiado", referiu.
Segundo este dirigente sindical, não tem havido "recetividade" por parte da tutela. "Nota-se que estão preocupados, mas não têm tido a intervenção necessária para que se resolva. Trata-se de reivindicações já muito antigas, algumas com 20 anos, que até seriam fáceis de resolver, mas que não tem havido manifestação de vontade por parte da tutela para as resolver", garantiu.