O debate instrutório do processo relativo à morte da cantora Sara Carreira num acidente de viação, previsto para a tarde desta quinta-feira, foi adiado, devido à adesão à greve dos funcionários do Juízo de Instrução Criminal de Santarém.
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Tony Carreira e Fernanda Antunes, pais da jovem que perdeu a vida um acidente de viação na A1, na zona de Santarém, em dezembro de 2020, entraram no Palácio da Justiça, mas saíram pouco depois de saberem que o debate instrutório tenha sido adiado para data indeterminada.
Acusada do crime de homicídio negligente, a fadista Cristina Branco também esteve no tribunal, acompanhada pelas advogadas, onde pretendia prestar declarações antes do início do debate instrutório, sem que tal sucedesse.
Já o arguido Paulo Neves, que está acusado neste processo da prática de um crime de condução perigosa e três contraordenações ao Código da Estrada (uma leve, uma grave e uma muito grave), também se apresentou no tribunal com os advogados.
O JN abordou Tony Carreira, Cristina Branco e Paulo Neves, mas nenhum dos três quis prestar prestações. "O que é que quer que eu diga?", questionou o pai da Sara, com um ar triste.
Além de Cristina Branco, o ator Ivo Lucas também é acusado de homicídio negligente, pela morte da namorada Sara Carreira, e duas contraordenações ao Código da Estrada, ambas graves, no caso da fadista, e uma leve e uma grave no caso de Lucas. O ator não compareceu em tribunal, pelo que se terá feito representar pelos advogados.
O JN não conseguiu identificar o quarto arguido, Tiago Pacheco, acusado pelo Ministério Público de ter cometido duas contraordenações (uma leve e uma grave).
Consciente do impacto da ação de protesto dos funcionários do Juízo de Instrução Criminal de Santarém no cancelamento de diversas diligências, Carlos Almeida, presidente do Sindicato dos Oficiais de Justiça, disse ao JN que compreendia o sofrimento dos pais, em alusão a Sara Carreira, por terem perdido a filha, mas lembrou que os trabalhadores em greve também tinham filhos e sofriam com a "falta de condições".
Acidente aparatoso
Segundo a acusação, divulgada pela Lusa, o acidente ocorreu por volta das 18:30 horas do dia 5 de dezembro de 2020, já "noite escura" e com períodos de chuva fraca, com o embate da viatura conduzida por Cristina Branco no veículo de Paulo Neves, que circulava na faixa da direita a entre 28,04 e 32,28 quilómetros/hora, velocidade inferior à mínima permitida por lei (50 quilómetros/hora), depois de ter ingerido bebidas alcoólicas.
A viatura de Cristina Branco embateu, de seguida, na guarda lateral direita, rodando e imobilizando-se em sentido contrário, na faixa central da A1. Apesar de ter ligado as luzes indicadoras de perigo, a fadista, que abandonou a viatura, é acusada de não ter feito a pré-sinalização de perigo.
O relato do acidente constante da acusação afirma que, às 18.49 horas, Ivo Lucas circulava pela faixa central entre 131,18 e 139,01 quilómetros/hora, não tendo conseguido desviar-se do carro da fadista, no qual embateu com o lado esquerdo, seguindo desgovernado para o separador central e capotando por várias vezes até se imobilizar na faixa da esquerda, quase na perpendicular, com parte a ocupar a faixa central.
Pelas 18.51 horas, Tiago Pacheco seguia pela via central entre 146,35 e 155,08 quilómetros/hora, afirmando a acusação que não reduziu a velocidade, mesmo apercebendo-se que passava pelo local do acidente, não conseguindo desviar-se da viatura de Ivo Lucas, onde este ainda se encontrava, bem como Sara Carreira.