O grupo de extrema-direita Habeas Corpus, do ex-juiz Rui da Fonseca e Castro, tentou boicotar mais uma apresentação de um livro, esta quinta-feira, mas sem sucesso. O incidente ocorreu na Livraria Bucholz, em Lisboa, e obrigou à intervenção da PSP. Ninguém foi detido, mas a PSP identificou alguns dos 50 manifestantes.
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A apresentação da obra “Dar e Receber Amor em Todas as Suas Formas”, da autoria de Sara Dias Oliveira, sobre famílias LGBTI+, foi organizada para assinalar os 15 anos da AMPLOS – Associação de Mães e Pais pela Liberdade de Orientação Sexual e Identidade de Género.
A cerimónia estava marcada para as 18.30 horas desta quinta-feira e atraiu a presença de elementos do grupo Habeas Corpus à porta da livraria.
Os membros desta associação radical, que tem Rui da Fonseca e Castro como principal figura, tentaram aceder ao espaço onde o livro estava a ser apresentado, mas terão sido impedidos por pessoas que já se encontravam no local e ligadas à organização do evento.
Os momentos de tensão que se seguiram obrigaram à intervenção da PSP, a qual, apurou o JN, já tinha mobilizado para o local alguns meios, incluindo uma Equipa de Intervenção Rápida. Isto porque o Habeas Corpus tinha anunciado, ao longo do dia, que vários dos seus elementos iriam marcar presença na apresentação do livro.
Nas redes sociais oficiais do grupo foi tornado público o som de um telefonema para a Livraria Bucholz em que, alegadamente, Djalme Santos pergunta se é necessário fazer marcação para assistir ao evento. E, na tarde desta quinta-feira, o próprio Rui da Fonseca e Castro publicou um vídeo a apelar à presença dos seus apoiantes. “Quem puder, compareça. É importante”, afirmou. No mesmo vídeo, o ex-juiz disse que, com esta iniciativa, não pretendia “boicotar nada”. “Só pretendemos fazer perguntas”, assegurou.
Apesar dos acontecimentos na rua, dentro da livraria a apresentação do livro “Dar e Receber Amor em Todas as Suas Formas” decorreu sem sobressaltos. “O livro foi apresentado e, no fim, cantaram-se os parabéns pelos 15 anos da AMPLOS”, confirmou a autora Sara Dias Oliveira.
Não é a primeira vez que os elementos do Habeas Corpus realizam este tipo de boicote. No início de agosto, interromperam, em Idanha-a-Nova, a apresentação do livro "Mamã, quero ser um menino!", da autoria de Ana Rita Almeida. E, entre outros, na Livraria Fnac do Porto, uma ação de divulgação do livro "O Avô Rui, o senhor do Café", escrito por Mariana Jones, foi cancelada.