Duarte Lima disse ontem que, na altura em que foi assassinada, Rosalina Ribeiro estava envolvida em negociações de que não deu conhecimento aos seus advogados no Rio de Janeiro. O ex-deputado do PSD fala de "interesses poderosíssimos" e nega qualquer ligação.
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O advogado da portuguesa que disputava nos tribunais uma parte da herança do magnata Lúcio Thomé Feteira falou, ontem, pela primeira vez, sobre o caso, em entrevista à RTP1, mas recusou entrar em detalhes, quer relativamente à investigação, quer sobre os negócios “secretos” da sua cliente e quanto aos seus honorários.
“Não há nenhuma relação entre mim e o desaparecimento da srª Rosalina, a não ser o facto de eu ter sido a última pessoa conhecida a vê-la com vida”, disse Duarte Lima, que chamou ainda a atenção para as posições oficiais das autoridades. “Não há nenhuma suspeição sobre mim”, referiu. O advogado nega ainda ter-se recusado e responder à Polícia e acha “normal” que os brasileiros o tentem inquirir através de carta rogatória.
Duarte Lima manteve que foi ao Rio de Janeiro a pedido de Rosalina. Encontraram-se “no local que ela indicou” e do qual não fixou “detalhes”, pois não adivinhava o trágico desfecho daquela noite de 7 de Dezembro de 2009. E tem a certeza de que a sua cliente tinha um telemóvel. Esta é, recorde-se, uma das dúvidas da Polícia brasileira, que tem em seu poder os três telefones de Rosalina.
O advogado diz que se ofereceu para levar Rosalina a Maricá, ao encontro de Gisele, a quem foi “apresentado”. “Falámos durante um minuto, um minuto e meio (…). Fiz à Polícia a “descrição possível, recorda. Lembra-se ainda de que a relação entre ambas era “natural” e de que a portuguesa lhe disse que regressaria com ela ao Rio. “E se fosse hoje? Faria o mesmo?” “É fácil acertar nos resultados do futebol à segunda-feira, respondeu o causídico.
Quando às dúvidas sobre o carro alugado que usou, explicou que faz grandes viagens de automóvel, por exemplo a Madrid. Uma das dúvidas da Polícia brasileira tem a ver com a sua alegada falta de memória sobre a viatura. “Não há nenhuma declaração formal no processo a dizer que não me recordo do carro em que viajei”, afirma.
O advogado contradiz José Miguel Júdice, o advogado que defende os interesses dos herdeiros - designadamente de Olímpia Feteira, filha de Lúcio Thomé e cabeça de casal na herança – que consideram ilegais e ilegítimas transferências de milhões de euros feitas por Rosalina. “As movimentações têm a ver com contas que lhe [a Rosalina] pertencem exclusivamente”, garantiu. Sobre os seis milhões transferidos para a sua conta não falou.
Duarte Lima acha que aos advogados de Rosalina não interessaria a sua morte. “Perderiam um patrocínio muito, muito relevante”. Três dias depois do desaparecimento, contextualizou, um tribunal português reconheceu Rosalina como herdeira e, mais do que isso, deu como provado que o magnata estava de facto separado da sua esposa e que vivia com Rosalina. Este facto, explicou Lima, permitiria a Rosalina reactivar no Brasil uma reclamação já recusada em várias instâncias pela Justiça daquele país para que a sua relação com Feteira fosse reconhecida, como “união estável”.
“Há interesses poderosíssimos, não só de herdeiros, mas de terceiras pessoas”, finalizou