Homem condenado a 17 anos por matar vizinho em disputa de terreno para apascentar gado
António Beldroegas, o suspeito de ter matado o vizinho a tiro de caçadeira, em Baleizão, Beja, foi condenado, esta sexta-feira, a 17 anos de prisão e ao pagamento de uma indemnização de 190 mil euros à mulher e aos dois filhos da vítima.
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Na leitura do acórdão, o juiz presidente do Tribunal de Beja considerou que o homem, acusado de um crime de homicídio simples agravado pelo uso de uma arma, "manifestou o maior desprezo pela vida do indivíduo", tendo ficado provado que "quis matar por uma causa fútil".
"No julgamento, teve uma postura de passa culpas. Não assumiu os seus erros, nem pediu desculpa à família da vítima", sustentou o juiz.
O crime ocorreu em novembro do ano passado, quando o arguido, conhecido como "Pantorrinhas", de 67 anos, "foi buscar a caçadeira a casa, municiou-a e dirigiu-se" a Valdemar Matoso, de 54 anos, que se encontrava num terreno agrícola, com o dono do mesmo e disparou dois tiros a curta distância.
Os disparos atingiram a vítima no braço esquerdo e, depois, na zona inferior das costas, tendo sido "causa direta e necessária" da sua morte, atestada ainda no local do crime.
"Vou preso, mas tu não ficas com o terreno"
Um testemunho decisivo foi o de Ricardo Silva, dono do terreno que o arguido e a vítima disputavam para pôr os seus rebanhos a pastar. Contou ao tribunal que, após uma discussão, o arguido foi a casa buscar a arma, voltou ao terreno, saiu da carrinha com a espingarda carregada e disse a Valdemar: "Vou preso, mas tu não ficas com o terreno". "De imediato, disparou dois tiros, o segundo pelas costas da vítima. Depois, deixou o local na viatura", relatou Ricardo.
No final, dirigindo-se ao arguido, o juiz presidente disse ao arguido que "ninguém tem o direito de tirar a vida a alguém, existam as razões que existirem". "Entre os dois não havia problemas, só na sua cabeça. Entendeu fazer um ajuste de contas. Andou a pensar nisto muitos dias. Optou pelo caminho mais triste e mais desagradável", acrescentou.
O arguido foi condenado a 17 anos de prisão, por um crime cuja moldura penal vai de dez anos e oito meses a 21 anos e quatro meses. O acórdão prevê ainda o pagamento de 190 mil euros por parte do arguido à família da vítima. "Pantorrinhas" vai aguardar o trânsito em julgado do acórdão, em prisão preventiva no Estabelecimento Prisional (EP) de Faro, para onde foi levado a 9 de novembro, por questões de segurança, depois de ter dado entrada no EP Beja no dia anterior.