O homem acusado de tentar matar um polícia com uma faca em Leiria afirmou, esta terça-feira, que não se recordava de o ter feito, mas também disse que a sua intenção era cortar os seus próprios pulsos. O polícia terá sido atacado quando acorreu a uma situação de violência doméstica entre o arguido e a sua companheira.
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Acusado de violência doméstica, maus-tratos, homicídio qualificado na forma tentada e detenção de arma proibida, o arguido, de 42 anos, negou todas as acusações. Confirmou apenas que, no dia em causa, “tinha bebido bastante vinho e uísque” e que era “frequente” ter discussões com a filha, então com 16 anos, por esta o desrespeitar.
Em prisão preventiva, o suspeito contou que se recusou a sair do quarto da filha, onde a companheira, de 42 anos, estava a descansar, porque a adolescente o começou a empurrar. Disse que a imobilizou com os braços, mas acabaram por cair os dois em cima da cama, tendo-a partido.
Companheira muda testemunho
A intervenção do sobrinho do arguido permitiu que mãe e filha fugissem para o quarto do sobrinho da companheira do agressor, que residia com eles. As testemunhas ouvidas ao longo do dia apresentaram, contudo, versões distintas. A alegada vítima de violência doméstica negou que o suspeito a maltratasse ou à filha, embora tenha afirmado que, nesse dia, estava “alterado”, facto que atribuiu ao consumo excessivo de álcool. “Ela [filha] chegou nervosa, mas ele não estava fazendo nada.”
A incoerência do testemunho, em relação ao prestado à PSP, levou o procurador da República a pedir a extração de uma certidão por falsas declarações, depois de a juíza já a ter advertido. O próprio sobrinho da vítima, de visita de fim de semana, contou uma versão diferente, pelo que, a partir daí, a tia esteve sempre de olhar fixo no chão. Confirmou que teve de segurar o arguido por trás, para que a tia e a prima se pudessem refugiar noutro quarto, onde impediu o tio de entrar, com a ajuda do sobrinho da vítima, que esteve a segurar a porta por dentro. “O meu tio estava bravo.”
Após a vítima ter chamado a polícia, o agressor foi buscar duas facas à cozinha e acabaria por desferir um golpe num dos três polícias que se dirigiram ao local, depois de alegadamente se ter recusado a entregar as armas brancas e ter sido atingido com gás pimenta. Um dos agentes transportou o polícia ferido para o hospital, enquanto o terceiro conseguiu entrar no apartamento, para proteger a vítima, e pedir reforços. Todos confirmaram que, em várias ocasiões, o suspeito pediu para abrirem a porta, alegando querer dar um abraço à filha.