Um homem, de 55 anos, matou à facada a mulher, um ano mais nova, sábado à noite, no Porto. O crime ocorreu em contexto de alegada violência doméstica, pouco antes das 23 horas, no primeiro dos dois andares de um prédio da Rua Gil Vicente, perpendicular à Rua da Constituição.
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Segundo disse ao JN fonte oficial da PSP, a vítima chegou a ser transportada com vida, mas em estado crítico, ao Hospital de São João, onde viria a falecer.
Quanto ao suspeito, foi detido, em flagrante delito, por polícias da 12.ª Esquadra da PSP, e vai ser apresentado, esta segunda-feira, ao Tribunal de Instrução Criminal, para primeiro interrogatório judicial e aplicação de medidas de coação.
Além da PSP, estiveram no local o INEM e a Polícia Judiciária, que investiga o homicídio, um tipo de crime cuja investigação é da sua exclusiva competência.
Este domingo, ao início da tarde, tal como o JN constatou no local, ainda havia manchas e pingos de sangue em várias áreas comuns do prédio. Desde a entrada, passando pelas escadas e até à porta do apartamento, no primeiro piso, onde a vítima terá sido alvo das agressões que lhe viriam a causa a morte, era ainda visível um rasto contínuo de várias gotas de sangue, não só no chão, mas também nas paredes. Este cenário indicia que a mulher, já esfaqueada, ainda conseguiu fugir do apartamento e descer as escadas até ao rés do chão.
Crime ocorreu na Rua Gil Vicente. No hall de entrada do prédio ficaram as marcas
Foto: Pedro Granadeiro
"Ouvi muitos gritos"
Um vizinho, que reside no segundo andar do prédio, estava ausente, mas recebeu um telefonema, sobressaltado, da namorada. "Não sei o que se está a passar, ouvi muitos gritos", contou a mulher, que foi então avisada pelo companheiro para não sair do apartamento. "Já tentaram assaltar uma vez o prédio, com um pé de cabra, como pode ver", explicou ele, apontando para marcas na porta de entrada compatíveis com o uso daquela ferramenta. A namorada não saiu, mas telefonou a uma amiga. "Ela passou aqui e disse que viu uma senhora cheia de sangue", contou o morador.
Ao JN, o residente no segundo andar relatou que a vítima mortal já ali vivia há, pelo menos, seis anos, quando se mudou para aquele prédio. "Está sempre a haver filmes aqui. Eles são 'tóteis' [muitos]. Eles são a família completa. Mãe e filhos...", descreve, sem precisar, no entanto, quantos elementos compõem aquele agregado familiar.
Rui da "Estrela", nome pelo qual é conhecido por andar sempre com uma cadela com este nome, mora há uma década num terreno no número 302 da Rua da Constituição, junto ao prédio onde teve lugar o violento homicídio. Contou que, na noite do homicídio, não se apercebeu de nada, porque estava num café distante de casa, mas é perentório em afirmar que "aqui, nestes prédios, mora muita gente complicada".