Homem que matou amigo e pediu a TVDE para atirar corpo ao Douro condenado a 23 anos de prisão
O Tribunal de São João Novo condenou esta terça-feira a uma pena única de 23 anos de prisão o homem de 24 anos que estava acusado de matar um amigo, de 22, num alojamento local no Bonfim, no Porto, em abril de 2024. O arguido, de nacionalidade nigeriana, foi ainda condenado na pena acessória de expulsão de Portugal.
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Ao JN, o advogado de defesa Miguel Martins não quis comentar e adiantar se vai recorrer desta sentença para o Tribunal da Relação do Porto.
Em fevereiro, tal como o JN noticiou, Austine Benson confessou ter assassinado o amigo, mas garantiu que o fez em legítima defesa porque ele o atacou primeiro com uma faca. "Era meu amigo. Não queria magoá-lo. Era ele ou eu a morrer. Se estivessem na minha posição o que fariam?”, disse, na altura.
Os dois amigos chegaram ao Porto a 16 de abril de 2024. Segundo a acusação, por razões não apuradas, o arguido decidiu matar o amigo e desfazer-se do corpo. Para garantir a fuga imediata foi à Internet e comprou uma passagem aérea com destino à Holanda para a manhã de 20 de abril.
No dia 19, à noite, no interior do apartamento na Rua do Bonfim, Austine muniu-se de uma faca de cozinha e atacou o amigo com grande violência. Esfaqueou-o com múltiplos golpes na região da cabeça, tronco e membros superiores, em particular no pescoço. Além disso, ainda mordeu a vítima no tórax e no braço direito e arrancou-lhe o polegar.
Nessa mesma noite, o arguido comprou um saco de viagem de grandes dimensões para transportar o corpo. Desfez-se dos pertences da vítima, limpou o apartamento e desligou as câmaras de videovigilância. Já de madrugada, chamou um TVDE.
Quando o motorista chegou, o arguido, visivelmente alterado, contou-lhe o que acontecera e ofereceu-lhe dinheiro para o ajudar a livrar-se do corpo nas águas do rio Douro. O motorista, em vez de o levar ao local pretendido, transportou-o para a esquadra da PSP da Corujeira, em Campanhã, e denunciou o sucedido.
Nega homossexualidade
Durante o julgamento, questionado pelo procurador do Ministério Público sobre o facto de se ter encontrado sémen dos dois nos boxers que deitou ao lixo, Austine disse que não tinha qualquer relação amorosa com ele e que eram apenas amigos que se tinham conhecido quando foram estudar para a Ucrânia em 2018. “Não sou gay. É uma falsa acusação. Não sei como isso aconteceu. Eu tenho mulher e filho. Não sou gay”, reforçou.
Mas, confrontado com o facto de ter instalado a aplicação de encontros entre homossexuais "Grindr" e fotos de homens nus no telemóvel, não soube explicar. Também não justificou porque foi encontrado um preservativo aberto, mas não usado. “São falsas questões do que me querem acusar”, protestou. Nessa altura, a juíza fez questão de lhe explicar que ser homossexual não é nenhum crime e que estavam só a tentar perceber as circunstâncias em que tinham ocorrido os factos.