Renato Gonçalves garantiu ao juiz que Igor Silva é que tinha uma faca e que julgou tê-lo visto a esfaquear o pai, "Marco Orelhas". Jovem vai aguardar julgamento em prisão preventiva.
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Renato Gonçalves, o jovem de 19 anos detido pela Polícia Judiciária (PJ) por ter esfaqueado mortalmente Igor Silva na festa do título do F. C. do Porto, foi colocado em prisão preventiva na terça-feira. O suspeito garante ter usado uma faca da própria vítima para a golpear, após ter julgado que Igor tinha esfaqueado o pai, "Marco Orelhas", no meio da confusão das agressões, nas imediações do Estádio do Dragão. Renato alega ainda ter apenas dado uma facada à vítima, que, porém, morreu de múltiplos golpes.
É a versão que Renato Silva apresentou à justiça: limitou-se a responder às agressões que a vítima mortal provocou na noite da festa do título de campeão nacional do F. C. do Porto. De acordo com informações recolhidas pelo JN, o jovem reconheceu existir um clima de tensão entre a sua família e Igor Silva.
Na origem da escalada de violência está um desentendimento entre o grupo de amigos da vítima e o de Renato, que teve lugar na noite de passagem de ano, numa discoteca na zona da Lapa, no Porto. Nada ficou sanado naquela noite e, na semana passada, os dois jovens cruzaram-se no recinto do Queimódromo, onde tiraram satisfações e deram-se mais agressões.
Na sequência desta contenda, familiares de Renato, que é filho do conhecido adepto do F. C. Porto "Marco Orelhas", deslocaram-se ao bairro de Ramalde, onde vivia Igor, para tirar satisfações. Lá, registaram-se novas ofensas corporais entre os dois grupos.
Dias depois, durante a partida de futebol entre Benfica e F. C. Porto, no Estádio da Luz, em Lisboa, terá sido "Marco Orelhas" a pedir satisfações a Igor Silva, dando asas a um novo episódio de agressões mútuas. O problema ficou sanado em poucos minutos, mas as hostilidades voltaram a surgir a 300 quilómetros da Luz, já nas imediações do Dragão.
Durante os festejos do título, os dois grupos voltaram a cruzar-se e gerou-se uma confusão com agressões de parte a parte.
Faca caída no chão
De acordo com a versão de Renato, Igor trazia uma faca com ele e julgou que este a tinha usado contra o seu pai. Foi então atrás de Igor que estaria a fugir do local. No meio da contenda, Renato garante que a faca caiu ao chão. Agarrou-a e deu-lhe apenas um golpe, antes de desaparecer.
"O Renato explicou a sua versão dos factos. Tentou ajudar na descoberta da verdade. Queremos saudar a posição do juiz de instrução que não fecha a porta a uma alteração das medidas de coação da preventiva para a prisão domiciliária", disse, ontem à noite, à porta do Tribunal de Instrução Criminal, Poliana Ribeiro, advogada de Renato que não quis prestar mais esclarecimentos sobre o caso.
Na versão das autoridades, o homicídio foi perpetrado num clima de vingança na sequência das agressões anteriores entre os dois jovens. Renato ter-se-á munido de uma faca, em circunstâncias ainda não apuradas, e golpeou várias vezes a vítima, antes de sair do local. O desenvolvimento da investigação irá ajudar a esclarecer as circunstâncias do crime.
Pormenores
Monitorizado
Desde que fugiu do local do crime, Renato Gonçalves esteve sempre monitorizado pelos inspetores da Polícia Judiciária do Porto, que sabiam onde estava refugiado.
Casa do tio
Na madrugada de terça-feira, a PJ estava à porta de casa de um tio do suspeito. Foi feito um contacto e Renato entregou-se na via pública.
Colaboração
Em declarações aos jornalistas, Poliana Ribeiro, advogada de Renato, disse que o suspeito se entregou à PJ. Garantiu que este "está disposto a colaborar e esclarecer a verdade". De acordo com a causídica, está "preocupado" e "assustado" com a situação.