Duas testemunhas do homicídio de um homem na Figueira da Foz, ocorrido em agosto de 2022, declararam, esta quinta-feira, no Tribunal de Coimbra, que viram a vítima a ser agredida e arrastada para a carrinha dos quatro arguidos (pai e três filhos). Os acusados, que começaram a ser julgados, ficaram em silêncio.
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Segundo uma das testemunhas o homem foi arrastado por dois dos arguidos, sendo que os outros dois já estavam dentro da carrinha. A vítima, apontou, ainda gritou por socorro e saltou duas vezes da viatura, mas foi agredida com murros, pontapés e com um pau, quando caiu ao chão.
Ambas as testemunhas falaram por videochamada, com a imagem e a voz distorcidas, por o tribunal considerar que a sua segurança estava em risco, situação que motivou a contestação da defesa, que admite recorrer a entidades superiores.
Os arguidos, com idades entre os 23 e os 65 anos, estão acusados de ter matado o homem a 22 de agosto de 2022, depois de terem detetado a falta de algumas quantidades de droga e armas em sua casa, no Bairro da Brenha, na Figueira da Foz, segundo a acusação. A vítima, de 32 anos, toxicodependente, trabalhou durante algum tempo com a família, em campos agrícolas que eram sua propriedade.
O corpo da vítima foi encontrado cinco dias depois num ribeiro, parcialmente submerso, e com uma pedra de cimento atada à volta. Nas buscas da Polícia Judiciária, foram encontrados pertences da vítima em casa da família e vestígios de sangue na carrinha.
Além dos quatro arguidos acusados dos crimes de homicídio qualificado e profanação de cadáver, há um quinto, de 42 anos, também filho do patriarca da família, que está acusado dos crimes de omissão de auxílio e detenção de arma proibida.
Os quatro acusados de homicídio estão presos preventivamente no Estabelecimento Prisional do Porto.
Tensão no julgamento
A primeira sessão do julgamento, que durou todo o dia no Tribunal de Coimbra, foi marcada por alguns momentos de tensão entre a advogada da defesa e algumas testemunhas. O juiz presidente do coletivo, Miguel Veiga, teve de intervir várias vezes para avisar ambas relativamente ao tom de voz utilizado.
No caso das testemunhas ocultas, Miguel Veiga advertiu, por mais que uma vez, a advogada de defesa dos arguidos, por considerar que as suas perguntas iam mais no sentido de tentar identificar as testemunhas do que de apurar os factos.
A próxima sessão do julgamento está marcada para 23 de novembro.