Uma hospedeira que esteve presente na Assembleia Geral Extraordinária do F. C. Porto testemunhou que viu Fernando Madureira a ameaçar sócios e a dizer para baixarem os braços nas votações.
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Maria, de 28 anos, disse ainda que viu as agressões a Henrique Ramos e uma senhora a levar um pontapé na cara e a rebolar pelos degraus.
“No auditório, senti um clima de intimidação a quem não fosse Pinto da Costa, pelos insultos a Villas-Boas e pelos cânticos a favor de Pinto da Costa. No Arena, senti mais alguma tensão e ameaças como ‘está calado, não tens nada de falar’”, recordou. A hospedeira diz mesmo que, “sempre que havia alguém contra a Administração, ameaçavam-no e também diziam para baixar o braço nas votações”, apontando Fernando Madureira como o autor dessas intimidações.
Mais tarde, após Henrique Ramos ter discursado, viu Fernando Madureira, do cimo do varandim, “numa postura ameaçadora e aos gritos a ameaçá-lo”. Também na bancada Norte, disse que viu “uma senhora a levar um pontapé na cara e ela a rolar pelas escadas”.
A hospedeira diz que viu “pessoas que fugiam, que saltavam para o piso”. Os seguranças “tentaram travar as agressões e apaziguar os ânimos, mas eram poucos”. Vivia-se “um ambiente tenso dos dois lados, pesado com agressões. Não senti medo, mas não senti que estava tudo bem”. Questionada sobre se alguém podia ter parado os acontecimentos, Maria disse que o presidente da mesa da Assembleia Geral “podia ter parado logo após as primeiras ameaças, mas nada fez”.
O testemunho foi prestado, esta terça-feira, no Tribunal de São João Novo, no Porto, onde decorre o julgamento da Operação Pretoriano, sobre os incidentes da reunião magna do clube portista, que ocorreram em 2023.
Os advogados de defesa dos arguidos confrontaram a hospedeira com algumas contradições entre o testemunho e as declarações prestadas na fase do inquérito, nomeadamente a presença de Sandra Madureira no interior do pavilhão ou Fernando a descer as escadas em direção a Henrique Ramos. A hospedeira admitiu que havia coisas que já não se recordava muito bem porque já tinha passado mais de um ano desde o momento em que prestara depoimento.
“Fernando Madureira e outro homem roubaram bastantes pulseiras”
Outra hospedeira confirmou que, no início das acreditações, havia muitas pessoas a tentar entrar só com o cartão de sócio e que não tiveram direito a pulseira por não serem eles os sócios ou por não terem as quotas em dia. Para Beatriz, seriam Super Dragões, pois estavam lá desde o início da noite, usavam roupas alusivas à claque e entoavam os seus cânticos. “Quando não conseguiam entrar, ficavam chateados, ao nosso lado ou iam-se queixar ao Fernando Madureira que não lhes tínhamos dado as pulseiras”, contou.
A hospedeira contou que um homem, que não sabe identificar, foi por trás delas buscar uma caixa de pulseiras e disse “olha aqui tantas pulseiras”. Beatriz foi pedir ajuda a um segurança e, entretanto, Fernando Madureira, que “entrava e saía e ninguém dizia nada”, apareceu e pousou a caixa. “O Fernando e o outro homem roubaram bastantes pulseiras”, acusou a hospedeira. Depois, Beatriz ainda viu, à porta do P1, “uns sujeitos a abanar um carro que pertencia à comunicação social e a falar e a impedir o carro de andar”.