Pilha de pacemaker não foi substituída a tempo. Unidade de saúde diz que não compareceu a consulta.
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O sobrinho de um homem de 81 anos vai processar o Hospital Distrital de Santarém (HDS) por negligência médica, por alegadamente não ter substituído a pilha do pacemaker do tio a tempo de evitar a sua morte. O HDS alega que o doente, conhecido no Cartaxo por "Rock", não compareceu à consulta de substituição do aparelho que regula o ritmo cardíaco.
Nélson Nascimento conta ao JN que, a 18 de junho, o tio se queixou de que se sentia "muito cansado e com dificuldade em respirar", pelo que chamou o INEM. Em conversa com o médico, Dionísio Nascimento terá comentado ainda que tinha dores nas costas e o clínico terá respondido que lhe iam fazer um raio-x.
O sobrinho do idoso explica que pediu ainda ao médico para verificar a situação do pacemaker. "Facultei o meu número de telefone, apesar de estar no processo, e disse ao médico e ao bombeiro que tinham de lhe fazer um eletrocardiograma", relata. Quando soube que o tio tinha tido alta, no mesmo dia, foi ter com ele. "Disse-me que se sentia cansado, mas que estava tudo bem", recorda.
Contacto após a morte
Cinco dias depois, Nélson voltou a casa de Dionísio, que supostamente esteve ausente de férias, quando o encontrou sem vida. "Dois dias depois, ligaram-me do hospital a dizer que o meu tio tinha de ser internado imediatamente, porque a pilha do pacemaker estava descarregada e podia morrer a qualquer momento", assegura.
Inconformado, Nélson diz que vai processar o HDS, porque entende que Dionísio não devia ter tido alta no dia 18 sem a sua autorização, uma vez que era ele o contacto de emergência. "O senhor disse-me que não tinham culpa, porque o meu tio assinou um termo de responsabilidade para ter alta, quando nem sabia escrever", garante. "Quando confrontei o senhor com isso, ficou atrapalhado e disse-me que tinha duas testemunhas".
"Quando deu entrada na Urgência a 18 de junho, o utente foi observado pela Medicina Interna e pela Cardiologia, onde foram feitos todos os testes e análises necessárias, ficando orientado para comparecer na Cardiologia no dia 25 de junho, para a substituição de pacemaker", informa o HDS. Contudo, sublinha que, no dia 18, "o utente decidiu interromper a assistência no Serviço de Urgência e, apesar de lhe terem sido explicados os riscos pelo corpo clínico, assinou alta contra parecer médico" e não foi à consulta.