A Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) anunciou, esta terça-feira, a abertura de um inquérito "destinado a apurar as circunstâncias e consequências da atuação de elementos da PSP junto ou no interior do supermercado Pingo Doce", no Porto. Do incidente terão resultado ferimentos numa mulher.
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Em causa está o alegado furto de artigos de higiene pessoal no Pingo Doce da Rua de Cedofeita, ocorrido no dia 15 de agosto, que resultou na detenção de duas pessoas e na apresentação de uma queixa, por parte de uma terceira, contra um agente da PSP por "ofensa à integridade física".
A PSP confirmou, dias depois, que havia sido detido um homem, com 41 anos, "acusado de ter passado as linhas de caixa sem pagar produtos de beleza no valor de 40 euros", material que terá "escondido" na mochila.
"O gerente [do supermercado] e o vigilante fizeram a entrega do homem sob detenção. Vários cidadãos tentaram impedir que o homem fosse detido", referiu a Polícia.
Além do suspeito, foi detida uma mulher, de 28 anos, residente em Gaia, por "resistência e coação a agente de autoridade". Mas uma outra mulher, de 31 anos, residente no Porto, apresentou queixa de um agente da PSP por "ofensa à integridade física" na esquadra de Cedofeita, disse a própria à Lusa, acrescentando que "se recusaram a dar a identidade do polícia agressor".
A apresentação da queixa contra o agente da PSP foi também confirmada pela PSP do Porto, que adiantou que a mulher foi assistida por uma ambulância no local.
O grupo Jerónimo Martins, que gere a cadeia PIngo Doce, reagiu na passada sexta-feira, Informando, "após averiguação, não ter sido cometida nenhuma agressão por parte do vigilante de serviço naquele Pingo Doce ao senhor que foi surpreendido a furtar produtos de higiene pessoal na loja, facto captado no sistema de videovigilância da mesma. As autoridades foram prontamente chamadas ao local para tomar conta da ocorrência"".
No mesmo dia o Bloco de Esquerda (BE) pediu esclarecimentos ao Ministério da Administração Interna, questionando "quais os fundamentos que justificam a intervenção de um dispositivo policial composto por mais de 10 agentes da PSP para deter uma pessoa que já estava imobilizada" e "que medidas concretas têm sido tomadas para formar adequadamente as forças policiais".
O BE perguntou, ainda, que "medidas serão tomadas quanto à atuação abusiva e violenta por parte do segurança, tendo em conta que a sua atividade é objeto de licenciamento do Ministério da Administração Interna".
A Jerónimo Martins, grupo detentor do Pingo Doce, negou as agressões no interior do supermercado, mas o incidente levou o Bloco de Esquerda a pedir ao Governo que questionasse a IGAI sobre o sucedido, tendo agora sido aberto inquérito.