O caso polémico de Nuno Pardal Ribeiro, agora ex-deputado da Assembleia Municipal de Lisboa e ex-vice-presidente da distrital de Lisboa do Chega que está acusado de dois crimes de prostituição de menores agravados, está a merecer atenção mediática internacional.
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Nuno Pardal, que entretanto se demitiu da vice-presidência da distrital de Lisboa do partido depois de renunciar ao mandato de deputado municipal, está acusado pelo Ministério Público de crimes cometidos contra um rapaz de 15 anos, que conheceu no Grindr, uma aplicação usada para convívio entre homossexuais. Segundo o procurador Manuel dos Santos, do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Cascais, "o arguido sabia que o assistente tinha 15 anos e era sexualmente inexperiente", praticou sexo oral com o menor e, no fim, enviou um código através do MB Way para que o adolescente pudesse levantar 20 euros. O caso terá sido denunciado à Polícia Judiciária pelos pais do menor, depois de terem tido acesso às mensagens do WhatsApp no telemóvel do filho.
O caso já chegou à imprensa internacional, com a "Euronews" a publicar um longo artigo sobre a polémica, bem como com a reação do presidente do Chega, André Ventura, que anunciou que "foi aberto um processo interno para averiguar toda a circunstância envolvida", pedindo a Nuno Pardal "que abandone todos os lugares dentro do Chega". O jornal recorda ainda as mais recentes polémicas do partido, nomeadamente o caso do deputado do Chega Açores, José Paulo Sousa, apanhado a conduzir com 2,25 g/l de álcool no sangue e do agora deputado independente da Assembleia da República Miguel Arruda, que foi alvo de buscas por furtar malas em aeroportos.
A maior parte dos artigos sobre o caso estão a ser publicados por jornais do país vizinho. O "El País" destaca a "presença assídua" de André Ventura para "tentar moldar o debate público". "Aquilo a que Ventura não estava habituado era a ser arrastado pelos acontecimentos negativos que envolvem os membros do seu partido há várias semanas e que estão a corroer a imagem do terceiro maior partido do país, que tem 50 deputados na Assembleia da República", lê-se no jornal espanhol, que também explica o caso de Nuno Pardal, bem como a polémica de Miguel Arruda, acrescentando que "o grupo parlamentar do Chega na Assembleia da República tem vários deputados nas suas fileiras sob investigação judicial por irregularidades ou eventuais crimes".
Os três casos do Chega são também noticiados pela "La Voz de Galicia", considerando que "representam da forma mais vulgar tudo o que o Chega diz combater: a corrupção e a inferioridade moral que atribuem aos grandes partidos e uma alegada criminalidade crescente em Portugal, que os dados não suportam".
Já o jornal espanhol "El Salto", depois de explicar os três mais recentes casos polémicos do partido, cita o JN, escrevendo que há agora 13 deputados do Chega que enfrentam ou enfrentaram dificuldades legais. "Um dos casos mais notórios é o de André Ventura, investigado por incitamento ao ódio, difamação, desobediência e novamente incitamento ao ódio. É seguido por Pedro Pinto, acusado de agredir um árbitro de 18 anos e também investigado por incitamento ao ódio. Além disso, um outro deputado, Pedro Frazão, foi condenado por prestar falsas declarações sobre o ex-deputado do Bloco Francisco Louçã e foi obrigado a retratar-se", lê-se no jornal.
Os escândalos no seio do partido também chegaram ao outro lado do Atlântico. A "Revista Fórum", do Brasil, escreve que o Chega, principal partido de extrema-direita de Portugal e terceira maior força parlamentar na Assembleia da República, "nem sequer recuperou do escândalo do deputado dos Açores que roubava malas em aeroportos, surgido há três semanas, e já tem um novo problema, talvez até maior que o anterior". Ao noticiar o caso de Nuno Pardal, destaca que o deputado municipal "sempre se mostrou como um político com fortíssimo discurso antipedofilia e um defensor da castração química para criminosos sexuais".