Inspetores do Fisco suspeitos de receber subornos de cartéis de droga foram libertados
Os cinco inspetores da Autoridade Tributária (AT) detidos no domingo pela PJ, suspeitos de terem sido corrompidos por facilitarem a entrada em território nacional de toneladas de cocaína, através dos Portos de Lisboa, Setúbal e Sines, foram hoje libertados.
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Os suspeitos ficaram com termo de identidade e residência, decidiu o Tribunal de Instrução Criminal esta segunda-feira, que decretou também a obrigação de se apresentarem três vezes por semana nos órgãos de Polícia Criminal das suas áreas de residência. Além disso, os cinco inspetores foram também suspensos do exercício de funções públicas e estão proibidos de estabelecer contactos, por qualquer meio, com os restantes arguidos, bem como de se ausentarem para o estrangeiro.
Os cinco inspetores da Autoridade Tributária detidos no domingo pela PJ, por suspeitas de facilitarem a entrada em território nacional de toneladas de cocaína, através dos Portos de Lisboa, Setúbal e Sines, terão recebido subornos de milhões de euros dos cartéis sul-americanos ao longo dos últimos anos. Dois dos cinco suspeitos de corrupção, branqueamento de capitais e tráfico de droga já tinha sido filmados por um importador de cocaína a acertar um suborno de 700 mil euros.
Com um telemóvel escondido na sua casa, em Azeitão, Luís Mayer, acusado de ser um importador de droga, filmou uma reunião com dois inspetores da AT, a quem ofereceu os 700 mil euros para deixarem entrar 1,3 toneladas de cocaína no Porto de Lisboa, sem fiscalização. Numa operação da PJ de março do ano passado, o traficante, ligado aos cartéis sul-americanos, acabou detido e a droga, que já tinha passado a alfândega com a alegada cumplicidade dos elementos do Fisco, foi apreendida.
Os factos ligados à importação da cocaína vão ser julgados em breve no Tribunal de Leiria, sem que estejam no banco dos réus os inspetores da AT. É que, depois da apreensão do ano passado, a PJ começou a investigar os elementos do Fisco e, em fevereiro deste ano, realizou as buscas em casa dos funcionários públicos, onde, no total, foi apreendido perto de meio milhão de euros em dinheiro vivo. Foram constituídos arguidos e a AT moveu aos dois elementos filmados por Meyer um processo disciplinar e suspendeu-os preventivamente.
Por ter reunido mais prova e por considerar existir perigos de fuga e de continuação da atividade criminosa, além de perturbação do inquérito, a PJ avançou este domingo para a detenção dos cinco elementos da AT, numa operação batizada de “Porthos II”.