"Interesses poderosíssimos? Só se forem do lado dele", diz Olímpia Feteira
Olímpia Feteira reage com dureza às suspeitas lançadas pelo advogado Duarte Lima sobre a existência de “interesses poderosíssimos“ no homicídio, no Brasil, de Rosalina Ribeiro. “Só se forem de ordem política, e serão dele”, afirmou ao JN.
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A cabeça de casal da herança de Lúcio Thomé Feteira não gostou da entrevista que Duarte Lima deu à RTP1, em que o advogado e ex-deputado do PSD se assume como alvo de uma “tentativa de eliminação” através de uma “montagem vil e tenebrosa”. Não sei ao que refere com conspiração”, diz Olímpia Feteira.
A filha do magnata LúcioThomé Feteira, falecido em 2000, diz também não entender o que o advogado quer dizer quando se refere à existência de “interesses poderosíssimos, não só de herdeiros, mas também de terceiros”, no caso do assassinato de Rosalina Ribeiro, no Brasil, em Dezembro do ano passado. “Só se forem de ordem política e serão dele. Do nosso lado não. Aliás, este caso está a ganhar uma componente política que não me agrada nada. Nós limitamo-nos a cumprir um testamento que estava claro”, afirma.
Olímpia Feteira estava em Litígio com Rosalina Ribeiro desde 2002, quando apresentou uma queixa-crime contra a secretária do seu pai, a quem acusou de se ter apoderado ilegalmente de vários documentos e de ter feito transferências de dezenas de milhões de euros de contas bancárias que diz pertencerem à herança. Cerca de seis milhões de uma conta num banco suíço foram transferidos para uma conta de Duarte Lima. “Criou uma conta nova que era dela, para onde transferiu o dinheiro da herança”, diz Olímpia.
Na entrevista, o advogado deRosalina Ribeiro recusou a falar sobre o dinheiro, justificando que não iria dizer nada sobre as relações financeiras com a sua cliente, mas assegurou que as verbas em causa pertenciam exclusivamente a Rosalina. Olímpia Feteira é peremptória: “O doutor Duarte Lima sabe perfeitamente o que se passou”. Sobre a entrevista em geral, pensa que o advogado “não disse nada de novo”.
Olímpia Feteira anunciou, ainda, que a decisão das varas cíveis de Lisboa que reconheceu Rosalina Ribeiro como herdeira legítima de Lúcio Thomé Feteira será objecto de recurso.
A sentença, datada de 9 de Março deste ano, admite a existência de uma relação de adultério – Lúcio Thomé nunca se separou da mulher, Adelaide – entre o magnata e a secretária, o que , segundo o Código Civil, constituiria motivo para a sua exclusão dos beneficiários da herança. Mas dá como provado também que Lúcio estava “de facto” separado da esposa e que vivia com Rosalina, o que cria uma excepção à lei e qualifica Rosalina como herdeira.