“Este sumiço está muito estranho. Ela estava feliz. Gostava de viver em Portugal. Dizia que era um país seguro. A gente não sabe o que se passou”. O desabafo, feito ao JN, é de Adriana Santos, irmã de Francisca Santos, a brasileira de 44 anos, natural do Maranhão, que desapareceu a 20 de junho, em Tabuaço, Viseu.
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Foi vista pela última vez, quando saiu de casa, à noite, para despejar o lixo, vestindo apenas um pijama. Desde então, não deu sinal de vida.
Dentro de casa, tudo permaneceu intacto: luzes acesas, documentos, óculos e cartas acumuladas. O telemóvel da mulher, que trabalhava como cozinheira num restaurante local, teve o seu último registo de localização próximo do caixote do lixo e foi desligado pouco depois.
Há 21 anos, no Brasil, um dos irmãos de Francisca saiu para trabalhar numa fazenda do Pará e desapareceu, até hoje. A família vive agora com receio de que o drama se repita. “A gente sabe que as autoridades portuguesas estão a investigar, mas eles não dão resposta para a gente”, lamenta, por telefone, Adriana Santos, para quem a irmã era “também uma amiga”.
PJ investiga
Inicialmente, a GNR foi acionada para investigar, mas o caso passou para a alçada da PJ, que ouviu testemunhas, incluindo o namorado português, que relatou ter sido o primeiro a perceber o desaparecimento.
Num áudio enviado à mãe de Francisca, garantiu estar de consciência limpa. “Tudo o que possam dizer ou fazer, estou de consciência tranquila. Não tenho nada que ver com o desaparecimento. Por isso, colaborei com a Justiça. Acredito na polícia”, disse.
Contudo, familiares da desaparecida apontam contradições, já que o homem alegava ser cirurgião plástico, mas nunca demonstrou evidências de exercer a profissão, além de haver relatos de desentendimentos envolvendo dinheiro e investimentos.