Humorista deverá prestar declarações esta segunda-feira no julgamento movido pelos irmãos Rosado. Os Anjos exigem a Joana Marques mais de um milhão de euros por danos na imagem e na carreira, devido a um vídeo satírico.
Corpo do artigo
Ao terceiro dia de julgamento, esta segunda-feira, a humorista Joana Marques deverá pedir para prestar declarações no processo cível que lhe foi movido pelos cantores Sérgio e Nelson Rosado, da banda Anjos. A informação foi avançada pela Renascença, que confirmou junto de fonte próxima do processo que esse pedido deverá ser feito logo no início dos trabalhos.
A humorista tem estado presente em todas as sessões do julgamento, remetida ao silêncio. Durante as audiências tem tirado apontamentos, mantendo-se reservada. À entrada do Palácio da Justiça de Lisboa, no primeiro dia, lamentou o tempo despendido com o caso: “Acho que estamos todos a perder tempo útil”, afirmou, deixando no ar que teria “muita coisa para dizer”.
Caso todas as testemunhas previstas sejam ouvidas esta segunda-feira, Joana Marques poderá, pela primeira vez, explicar como produziu o vídeo satírico que deu origem à queixa, e por que razão entende não ter ultrapassado os limites da liberdade de expressão. É precisamente esse o cerne da ação judicial: terá a sátira ultrapassado o limiar da liberdade de criação e entrado no terreno da difamação?
Na sessão de hoje deverão ser ouvidas várias testemunhas arroladas por ambas as partes. Do lado da defesa da humorista, estão nomes como Ricardo Araújo Pereira e Fernando Alvim, também humoristas, e o agente Miguel Isaac. Do lado dos músicos, resta apenas ser ouvido o contabilista da banda, criada em 1999.
Anjos alegam ter sofrido danos profissionais, financeiros e pessoais
Recorde-se que na primeira sessão de julgamento, os irmãos Rosado alegaram que a sátira feita por Joana Marques à atuação dos Anjos na MotoGP de Portimão, em abril de 2022, gerou uma onda de escárnio e bullying que lhes provocou danos profissionais, financeiros e pessoais. Os músicos afirmam ter perdido contratos, patrocínios, concertos — e até saúde.
A dupla exige uma indemnização superior a um milhão de euros por prejuízos profissionais e danos pessoais. Alegam sequelas psicológicas, incluindo episódios de depressão, insónias e crises de acne e stress. Chegaram a contratar segurança privada para os acompanhar em espetáculos. Acusam ainda Joana Marques de ter manipulado o vídeo publicado no Instagram, aumentando o efeito cómico de forma intencional e maliciosa.
O caso está a ser julgado pela magistrada Francisca Preto, juíza no Juízo Central Cível de Lisboa, conhecida por sentenças firmes e por já ter lidado com processos mediáticos, como a condenação de André Ventura por declarações ofensivas contra uma família do Bairro da Jamaica.
Por parte dos Anjos, a acusação está a cargo das advogadas Luciana Rosa de Oliveira e Natália Luís, com escritórios em Alcobaça e Caldas da Rainha, respetivamente. A defesa de Joana Marques é assegurada por Elsa Seara, advogada do escritório Sousa Ferro & Associados, com carreira consolidada na área do contencioso.
O julgamento prossegue com sessões abertas ao público, apesar de a defesa da humorista ter solicitado, no início, que o processo decorresse sem publicidade. A sentença ficará a cargo da juíza Francisca Preto e deverá ser conhecida nas próximas semanas.